Bolívia está à beira de “catástrofe ambiental” causada por incêndios incontroláveis

A Bolívia atravessa uma crise climática devido aos incêndios florestais, o que levou o governo a declarar “emergência nacional” pelos efeitos negativos na qualidade do ar, um problema que se estende a outros países da região, como Brasil e Paraguai.

O Laboratório de Física Atmosférica da Universidad Mayor de San Andrés (UMSA), em La Paz, alertou que os incêndios estão gerando uma “catástrofe ambiental” com graves impactos na fauna, flora e na saúde da população.

Efeitos dos incêndios na Bolívia

De acordo com o relatório da UMSA, a fumaça acumulada na atmosfera pode inibir a chegada das chuvas, criando um “círculo vicioso” que prolonga as condições de baixa qualidade do ar. As queimadas, concentradas no leste do país, já afetaram mais de 4 milhões de hectares, segundo fundações privadas, como a Tierra. No entanto, o governo estima o total em cerca de 3,8 milhões de hectares.

Nos últimos dias, cidades como Santa Cruz, Cochabamba, La Paz e Cobija foram cobertas por uma densa camada de fumaça, levando as autoridades a alertar sobre os efeitos prejudiciais à saúde pública.

Origem e controle dos incêndios

Grande parte dos incêndios tem origem nos “chaqueos”, queimadas legais realizadas para preparar o solo para a agricultura ou pecuária, mas que saíram de controle devido aos ventos fortes e à seca prolongada. Em resposta, o Ministério da Educação ordenou aulas virtuais em regiões como Santa Cruz, Beni e Pando.

Organizações ambientais relatam que os incêndios estão piorando e causam danos a milhares de animais selvagens, como onças, tamanduás e aves tropicais. As queimadas também prejudicam a atividade econômica em áreas como a Chiquitania boliviana, que abriga as Missões Jesuíticas, patrimônio da humanidade.

Incêndios transfronteiriços e medidas de combate

Em junho, o governo boliviano alertou para a entrada de incêndios originados no Brasil, que afetaram áreas compartilhadas, como o Pantanal. O vice-ministro da Defesa Civil, Juan Carlos Calvimontes, afirmou que mais de 2.800 focos de calor ameaçam se transformar em incêndios florestais se não forem controlados.

Nos últimos dias, a Bolívia recebeu apoio de grupos de bombeiros e especialistas do Brasil, Chile e França. O governo também anunciou a contratação de aviões-tanque para combater os focos.

Leis e mobilização ambiental

Ambientalistas têm pressionado o governo pela revogação de leis conhecidas como “leis incendiárias”, aprovadas entre 2013 e 2019, que incentivam o desmatamento e a queima de florestas e pastagens para a expansão agrícola.


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