Os juros altos e o aperto no poder de compra do consumidor desencadearam uma crise nos últimos anos que chegou, também, às universidades privadas.
Mensalidades atrasadas se acumulam, o caixa aperta e, em muitos casos, a evasão acadêmica dispara. Isso compromete diretamente as instituições, que acabam precisando cortar recursos e até aumentar os custos para quem ainda consegue pagar.
Afeta também os estudantes e, numa fotografia mais ampla, o próprio país, já que menos pessoas se formam.
É nesse cenário que surge a Yolo Bank, uma fintech fundada em 2023 pelo goiano Mauro Yolo.
A empresa usa inteligência artificial para prever a inadimplência e ajudar tanto os alunos quanto as universidades a driblar essa crise. Ela faz isso com uma conta digital que mapeia o aluno que está com dificuldade de pagar as contas e sugere uma taxa de desconto que garantirá que ele pague a prestação. Esse desconto é cedido pela própria universidade, interessada em receber o pagamento.
Agora, com um aporte de 3 milhões de reais, liderado pela Marathon Ventures, a startup quer escalar sua solução e levar mais tranquilidade financeira para os estudantes — e para as faculdades.
Qual é a história de Mauro e do Yolo
Mauro Yolo tem o empreendedorismo no sangue. “Meu pai tinha uma fábrica de café, e minha mãe cuidava de uma indústria de chocolate”, conta.
Crescendo nesse ambiente, ele aprendeu desde cedo como é gerenciar um negócio. Mas foi só depois de passar por uma experiência pessoal que ele encontrou seu propósito.
“Eu tinha sido aceito em um MBA, e tudo estava certo… até eu tentar levantar os 85.000 dólares necessários para a matrícula em poucos dias”, diz. “Eu não tinha esse dinheiro, e, sem outra opção, tive que desistir. Foi aí que eu percebi: se está acontecendo comigo, quantos outros não estão passando pela mesma situação”
Foi o que o motivou a criar o Yolo Bank.
Antes de lançar a fintech, Mauro ainda viajou pelo Brasil, conversando com estudantes em diversas universidades.
“Visitei mais de 70 instituições e falei com milhares de alunos”, afirma. “Eu queria entender a realidade financeira deles, principalmente em regiões mais carentes, onde a inadimplência era ainda maior”.
Como funciona o Yolo Bank
Na prática, o Yolo Bank é uma conta digital de pagamentos. A universidade contrata a fintech, que começa a disponibilizar o serviço para seus estudantes.
O estudante, então, abre uma conta no Yolo e, ali mesmo, pode resolver sua vida bancária: pagar boletos, ter um cartão de débito e fazer transações.
Uma vez por mês, ele também paga, por ali, a prestação da faculdade. É nesse momento que vem o pulo do gato da startup. Uma inteligência artificial roda uma análise das transações e do poder de compra do aluno e, a partir disso, oferece um desconto personalizado que garante que o estudante pagará a prestação.
“Não é um empréstimo, e o aluno não fica endividado. É um desconto aceito e cedido pela universidade, que prefere receber a prestação do que ver a inadimplência crescer”.
Para garantir que o desconto não seja maior do que o necessário — o que, no fim das contas, não seria vantajoso para as universidades — o Yolo treinou a IA com milhões de dados reais de estudantes de diversas regiões do Brasil. Também simulou tentativas de fraude.
“O bom de sermos brasileiro é que conseguimos prever uma série de ‘jeitinhos brasileiros’ e já treinar a IA para driblar eles”, diz.
A Yolo analisa uma combinação de informações financeiras do aluno, como histórico de pagamentos e movimentações bancárias, além de dados não estruturados, para prever a inadimplência com alta precisão. Para faturar, cobra uma taxa do valor aplicado de desconto para o estudante.
O que vem com o aporte de R$ 3 milhões
O aporte de 3 milhões de reais marca um novo capítulo para a Yolo Bank.
Com o capital, a fintech vai aprimorar sua tecnologia de inteligência artificial, que já passou por um treinamento robusto com mais de 2 milhões de dados de alunos de todas as regiões do Brasil.
Hoje, a empresa já atende 700.000 estudantes em 76 universidades, principalmente no centro-oeste, nordeste e norte brasileiro. A meta é chegar a 1,2 milhão de alunos até o final de 2025. Para isso, a Yolo Bank está investindo em novas contratações e ampliando sua infraestrutura tecnológica para conseguir lidar com a demanda crescente.
“Estamos contratando mais gente para o time, principalmente para ajudar no onboarding das universidades. O nosso foco é expandir sem perder a qualidade”, diz Mauro.
Além disso, a fintech planeja lançar uma solução de crédito em 2025, ampliando ainda mais o leque de serviços oferecidos.
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