O secretário-geral da ONU, António Guterres, conversou nesta sexta-feira com o ditador venezuelano, Nicolás Maduro, e manifestou a sua “preocupação” com a situação no país, anunciou o seu gabinete. A Venezuela enfrenta uma crise pós-eleições, que culminou no recrudescimento da repressão contra opositores, que contestam a vitória de Maduro e acusam fraude, e na saída do país e pedido de asilo à Espanha pelo ex-candidato e principal rival do chavista nas urnas, Edmundo González.
Segundo um comunicado do Gabinete do porta-voz, Guterres “expressou preocupação com as denúncias de violência pós-eleitoral e violações dos direitos humanos [e] enfatizou a necessidade de resolver qualquer disputa política de forma pacífica, por meio de um diálogo genuíno e inclusivo”. Após a proclamação de Maduro vencedor, protestos eclodiram no país e deixaram 27 pessoas mortas, 192 feridas e cerca de 2.400 pessoas detidas, de acordo com fontes oficiais. O secretário-geral também discutiu as posições do presidente venezuelano sobre a situação, indicou.
No mesmo dia, sete países — Argentina, Canadá, Chile, Equador, Guatemala, Paraguai e Uruguai — pediram em um Conselho de Direitos Humanos da ONU, em Genebra, uma investigação sobre as “graves violações” na Venezuela que poderiam constituir crimes contra a humanidade, uma “verificação imparcial dos resultados das eleições” e “a libertação imediata das pessoas detidas arbitrariamente”.
Maduro foi proclamado vencedor pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) pelo terceiro mandato consecutivo de seis anos (2025-2031), posteriormente validado pelo Tribunal Supremo de Justiça, mesmo sem apresentar as atas de votação que comprovariam a sua vitória — ambos são acusados de servirem ao governo. Nesse âmbito, o pedido, apresentado pelo Ministério das Relações Exteriores do Equador em nome dos outros seis países, também criticou “a falta de independência” desses órgão, dizendo que suas ações “agravaram a situação dos direitos humanos no país”.
Um relatório da Missão Independente de Apuração de Fatos sobre a Venezuela, criada pelo Conselho de Direitos Humanos da ONU em setembro de 2019, examinou a situação no país entre 1º de setembro de 2023 e 31 de agosto de 2024 com centenas de entrevistas e documentos, e fez um relato das violações de direitos humanos — incluindo crimes contra a humanidade — que considera parte de um “plano coordenado” para “silenciar” a oposição. “Esses não são atos isolados ou aleatórios”, ressalta o texto, observando que a “brutalidade da repressão” gerou um “clima de medo generalizado”.
A oposição venezuelana, liderada por María Corina Machado, denunciou a existência de fraude e publicou em um site cópias de 80% das atas eleitorais a que alegam terem tido acesso e, segundo afirmam, comprovam a vitória de González. Maduro afirma que as atas da oposição são “forjadas”. O Centro Carter, um dos poucos observadores internacionais que participaram do processo eleitoral no país, afirmou que as atas eleitorais coletadas pela oposição são “consistentes” e que González venceu de maneira clara e “por uma margem intransponível”.
Depois de passar cerca de um mês na clandestinidade, alojado na Embaixada da Holanda em Caracas, González, que tinha um mandado de prisão pendente, exilou-se em 8 de setembro na Espanha. Segundo as autoridades espanholas, partiu do ex-diplomata o pedido para asilo, embora fontes afirmem que a saída vinha sendo organizada há duas semanas, com as negociações contando com a participação do ex-presidente espanhol José Luiz Rodríguez Zapatero e importantes autoridades venezuelanas, como o presidente da Assembleia Nacional do país, Jorge Rodríguez, e a vice-presidente Delcy Rodríguez.
O candidato da oposição afirmou na quarta-feira ter assinado sob “coerção” do governo venezuelano um documento para “acatar” a contestada reeleição de Maduro, em troca de permitir que saísse do seu país. O chavista afirmou em que o rival “pediu clemência” para poder deixar a Venezuela.
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Pessoas batem em panelas em manifestação após a eleição de Maduro, em Caracas, na segunda-feira
(Pessoas batem em panelas em manifestação após a eleição de Maduro, em Caracas, na segunda-feira)
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Um homem cobre o rosto com gás lacrimogêneo durante um protesto contra o governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro em Caracas, na segunda-feira
(Um homem cobre o rosto com gás lacrimogêneo durante um protesto contra o governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro em Caracas, na segunda-feira)
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Manifestantes montaram uma barricada durante um protesto contra o governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro em Valência, no estado de Carabobo.
(Manifestantes montaram uma barricada durante um protesto contra o governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro em Valência, no estado de Carabobo.)
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Um manifestante chuta uma faixa de campanha do presidente venezuelano Nicolás Maduro durante um protesto em Valência, no estado de Carabobo.
(Um manifestante chuta uma faixa de campanha do presidente venezuelano Nicolás Maduro durante um protesto em Valência, no estado de Carabobo.)
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Policiais removem destroços durante um protesto contra o governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro em Caracas.
(Policiais removem destroços durante um protesto contra o governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro em Caracas.)
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Um manifestante devolve à polícia uma lata de gás lacrimogêneo durante um protesto contra o governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro em Caracas.
(Um manifestante devolve à polícia uma lata de gás lacrimogêneo durante um protesto contra o governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro em Caracas.)
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Manifestantes incendiaram uma barricada durante um protesto contra o governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro em Caracas.
(Manifestantes incendiaram uma barricada durante um protesto contra o governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro em Caracas.)
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Opositor ao governo pisa num cartaz de campanha eleitoral com a imagem de Maduro durante um protesto no bairro Petare, em Caracas, na segunda-feira
(Opositor ao governo pisa num cartaz de campanha eleitoral com a imagem de Maduro durante um protesto no bairro Petare, em Caracas, na segunda-feira)
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Manifestantes entram em confronto com a polícia perto de um carro blindado da polícia durante um protesto contra o presidente venezuelano Nicolás Maduro em Caracas.
(Manifestantes entram em confronto com a polícia perto de um carro blindado da polícia durante um protesto contra o presidente venezuelano Nicolás Maduro em Caracas.)
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Um policial carrega um colega ferido durante um protesto contra o governo do presidente Nicolás Maduro em Caracas.
(Um policial carrega um colega ferido durante um protesto contra o governo do presidente Nicolás Maduro em Caracas.)
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Os opositores do governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro protestam no bairro Catia, em Caracas.
(Os opositores do governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro protestam no bairro Catia, em Caracas.)
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Opositor do governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro protestam no bairro Catia, em Caracas.
(Opositor do governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro protestam no bairro Catia, em Caracas.)
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Os opositores do governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro protestam no bairro Catia, em Caracas.
(Os opositores do governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro protestam no bairro Catia, em Caracas.)
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Um oponente do governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro bate uma panela durante um protesto no bairro Catia, em Caracas.
(Um oponente do governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro bate uma panela durante um protesto no bairro Catia, em Caracas.)
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Um manifestante bate uma panela na cabeça durante um protesto contra o presidente venezuelano Nicolás Maduro em Caracas.
(Um manifestante bate uma panela na cabeça durante um protesto contra o presidente venezuelano Nicolás Maduro em Caracas.)
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Um policial cai no chão ferido durante um protesto contra o governo do presidente Nicolás Maduro em Caracas.
(Um policial cai no chão ferido durante um protesto contra o governo do presidente Nicolás Maduro em Caracas..)
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Manifestantes participam de um protesto contra o governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro em Valência, no estado de Carabobo.
(Manifestantes participam de um protesto contra o governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro em Valência, no estado de Carabobo.)
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Manifestantes queimam um cartaz publicitário durante um protesto contra o governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro em Caracas.
(Manifestantes queimam um cartaz publicitário durante um protesto contra o governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro em Caracas.)
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Oponentes do governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro entram em confronto com a polícia de choque durante um protesto no bairro de Catia, em Caracas.
(Oponentes do governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro entram em confronto com a polícia de choque durante um protesto no bairro de Catia, em Caracas.)
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Policiais protegem-se dos manifestantes durante um protesto contra o governo do presidente Nicolás Maduro em Caracas.
(Policiais protegem-se dos manifestantes durante um protesto contra o governo do presidente Nicolás Maduro em Caracas.)
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