Sebrae lança programa que dará 100% de aval a negócios conduzidos por mulheres

Se depender do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), o martírio que empreendedoras enfrentam na hora de buscar crédito está com os dias contados. Na última quinta-feira (5), a entidade anunciou durante o Construindo Futuros, evento promovido por ela ao lado da EXAME, uma carta de compromisso com uma série de medidas para promover a inclusão financeira das mulheres.

A grande novidade é a campanha lançada pelo Sebrae junto ao Fundo de Aval às Micro e Pequenas Empresas (FAMPE). Em linhas gerais, o fundo passará a dar não mais 80%, mas sim 100% de aval na oferta de crédito a empreendedoras. “Com essa medida, queremos aumentar o apetite das instituições financeiras na hora de dar financiar negócios liderados por mulheres”, destacou Margarete Coelho, diretora de Administração e Finanças do Sebrae Nacional.

Carta de compromisso: o que mais ela prevê

Além da campanha junto ao FAMPE, em sua carta de compromisso o Sebrae se compromete a tomar algumas outras medidas. São elas:

  • Caravana Acredita Delas: realização de atendimentos pelo Brasil para o fomento da educação financeira e o acesso a crédito a mulheres. Os eventos serão acompanhados pela EXAME, o calendário será divulgado em breve.
  • FIP e FDIC: lançamento de editais para aportes em fundos de investimentos com foco em empreendimentos liderados por mulheres.
  • Protocolos de atendimento para rede de agentes de crédito e finanças: capacitação de multiplicadores estaduais no Sistema Sebrae, com conteúdo e protocolo de atendimento para mulheres empreendedoras.
  • Educação financeira: potencialização da oferta de ferramentas digitais de educação financeira disponíveis no portal Sebrae, como UP Digital Finanças, Invista em Você, Mulheres em Foco, Ganha Ganha e Marca Pessoal.
  • Políticas públicas: articulação de ações com programas públicos e privados, especialmente junto a instituições financeiras em prol da inclusão de mulheres.

O lançamento da carta de compromisso leva em consideração, principalmente, o fato de as mulheres representarem uma fatia expressiva das micro e pequenas empresas no Brasil, além do impacto social que muitos desses negócios têm, empregando outras mulheres e promovendo o desenvolvimento social.

Considera, ainda, o fato de as mulheres, apesar das restrições de crédito, apresentarem uma ata taxa de retorno sobre os investimentos.

E, por fim, a constatação de serem poucas as instituições financeiras que oferecem produtos de crédito especificamente voltados ao público feminino. Segundo o Banco Central, 2,53 milhões de tomadores de crédito são mulheres e 3,97 milhões, homens. Apesar disso, apenas 30% do crédito concedido vai parar nas mãos delas.

A voz das instituições financeiras

Para mudar esse cenário, o evento reuniu no palco Luciana Barbosa, gerente executiva na Diretoria de Empreendedorismo e Micro e Pequenas Empresas do Banco do Brasil; Roberta Souza, gerente do Escritório de Negócios e Relacionamento Institucional do Rio de Janeiro do Banco do Nordeste; Vanessa Passoni, gerente de Mercado do Fomento Paraná; Claudia Martinez, CEO & Co-Founder da SHE Invest; Amanda Wolschick, coordenadora do Comitê Mulher Sicredi; e Michelle Fernandes Vieira, superintendente Nacional de Finanças, Sustentabilidade e Cidadania Digital da Caixa Econômica Federal.

Cada instituição destacou programas que vêm sendo implementados para facilitar o acesso ao crédito a mulheres. Luciana Barbosa, do Banco do Brasil, por exemplo, falou do Mulheres no Topo, que oferece o Giro Mulher Empreendedora, com prazo e carência diferenciados; e o Giro Mãe Empreendedora, uma solução que permite a prorrogação do vencimento de quatro parcelas de empréstimo no caso de empresas dirigidas por mulher que tenham se tornado mães.

Vanessa Passoni, gerente de Mercado do Fomento Paraná, levou outro case de sucesso: um programa voltado para empreendedoras paranaenses que, há cinco anos, oferece um desconto de 7 pontos percentuais na taxa de juros anual. “Desde 2019 já disponibilizamos R$ 216 milhões de crédito a negócios liderados por mulheres. Foram mais de 20 mil negócios atendidos”, destacou a executiva.

Junto a essas instituições, o Sebrae espera agora mudar o cenário da oferta de crédito a mulheres no Brasil. É difícil para os homens conseguirem crédito? É. Mas para elas é mais difícil ainda”, destacou Margarete. “Muitas mulheres empreendem por necessidades e carregam nos ombros o que é obrigação do Estado – creche, ensino em tempo integral, cuidado de pessoas com necessidades especiais. São elas que estão cuidando de tudo isso. Agora é a hora de cuidar delas.”

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