Quase um quinto dos lares do país é ocupado por pessoas sozinhas, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) sobre as condições dos domicílios brasileiros, divulgados nesta sexta-feira, 20, pelo IBGE. Em 2023, 18% do total de lares do Brasil eram ocupados por apenas uma pessoa, ante 12,2% em 2012.
O Rio de Janeiro, com 20,8% dos domicílios, é o estado onde esse tipo de arranjo é mais comum, segundo o IBGE. Na outra ponta, em Roraima, apenas 12,1% das moradias são ocupadas por uma pessoa só.
Cada vez mais pessoas moram sozinhas
Segundo William Kratochwill, analista do IBGE, a Pnad não tem uma pergunta que permita esclarecer a motivação das pessoas que resolvem morar sozinhas, mas “a vida moderna talvez esteja puxando as pessoas para as grandes cidades e isso talvez leve a esse tipo de atitude”.
O crescimento de beneficiários do Bolsa Família que moram sozinhos tem sido um dos motivos pelos quais o governo federal vem investindo em “pentes-finos” no programa de transferência de renda, como forma de tornar os gastos mais eficientes.
O percentual de famílias unipessoais no programa aumentou muito no governo de Jair Bolsonaro, quando o valor do benefício não variava, não importando o número de pessoas na família. O número saiu de 2,2 milhões no fim de 2021 para 5,8 milhões um ano depois.
Diferenças de gênero
Os dados do IBGE apontam, com mais precisão, claras diferenças de gênero no hábito de morar sozinho. No geral, os homens são a larga maioria nos domicílios unipessoais: dos moradores nesse arranjo, 45,1% são mulheres e 54,9%, homens. Só que os homens que moram sozinhos são jovens, enquanto as mulheres que vivem só são mais idosas.
“Há uma grande diferença entre homens e mulheres. A maior parcela dos homens que vivem sozinhos tem de 30 a 59 anos”, diz Kratochwill.
Conforme a Pnad Contínua, entre os homens que moram sozinhos, apenas 29,4% têm 60 anos ou mais. A maioria (56,4%) tem de 30 a 59 anos.
Entre as mulheres, as proporções se invertem: 55% das que vivem sozinhas têm 60 anos ou mais. Apenas 35,6% delas têm de 30 a 59 anos. Segundo Kratochwill, a diferença pode ser explicada pela maior expectativa de vida das mulheres, já que os homens tendem a morrer mais cedo.
“A questão da mortalidade explica muito. Elas ficam mais velhas, os filhos saem de casa e o marido morre mais cedo. Elas continuam vivendo a vida delas sozinhas. Isso pode explicar bastante”, diz o pesquisador do IBGE.
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