Projeto de Sam Altman retorna ao Brasil e quer ser “credencial da humanidade” na era das IAs

World, um projeto de Sam Altman, uma das mentes por trás do ChatGPT, retorna ao Brasil em continuidade ao projeto que busca unir a tecnologia blockchain, criptomoedas e a verificação de dados da íris para diferenciar humanos de IAs.

Durante um evento realizado em São Paulo nesta terça-feira, 12, a Tools for Humanity, empresa responsável pela World, anunciou o lançamento oficial de sua rede blockchain e a instalação de 10 pontos de verificação com Orbs espalhados pela cidade.

O projeto se baseia nos dados da íris dos olhos para verificar e diferenciar humanos de robôs de inteligência artificial. Orb é o nome dado ao equipamento utilizado para fazer tal verificação. Cada pessoa que realiza a verificação recebe 50 criptomoedas WLD, cotadas a US$ 2,40 no momento, de acordo com dados do CoinMarketCap.

De acordo com uma pesquisa divulgada pela Tools for Humanity nesta terça-feira, 91% da população apoia o desenvolvimento de novas tecnologias para verificar quem é um humano online.

Entre os casos de uso apresentados pela empresa estão a diferenciação de humanos e bots, a verificação de contas e a prevenção de perfis falsos.

Durante o evento, a empresa também revelou que a World ID funciona como uma “credencial de humanidade” e quer ser o “captcha da internet”.

“Credencial de humanidade” pode substituir documentos de identidade?

A Tools for Humanity, no entanto, afirma que não pretende utilizar a World ID, gerada através dos dados da íris, para substituir documentos de identidade emitidos por governos, por exemplo.

“Quando conversamos com autoridades do mundo todo, elas costumam fazer essa pergunta: ‘a ideia é substituir uma identidade do governo?’ Não é. Elas atendem a propósitos muito diferentes. Na verdade, elas funcionam juntas, são complementares.”, disse Damien Kieran, Chief Privacy Officer da Tools for Humanity em entrevista exclusiva à EXAME.

“Quando você quer comprar uma casa ou um carro ou precisa de uma hipoteca, precisa do que é chamado de KYC, Know Your Customer. Para isso, você precisa de muitos dados. Mas online, quando interajo com serviços, não precisamos desse nível de detalhes. O que precisamos saber é: isso é um humano? Talvez a idade deles, talvez a nacionalidade deles. E essas coisas são coisas que podemos fazer anonimamente usando esse tipo de tecnologia”, explicou.

Segurança de dados na era das IAs

O projeto causou polêmica ao utilizar os dados da íris dos olhos para a “verificação de humanidade”, chegando a ser proibido em Hong Kong. No entanto, a empresa esclarece que não mantêm os dados de usuários.

“Nosso objetivo é construir uma rede que permita que as pessoas anonimamente garantam que podem distinguir entre um humano e um computador. E acreditamos que em um mundo de IA isso será incrivelmente importante. Então parte do nosso objetivo é ajudar a construir essa rede. Não somos donos dela. É de código aberto e é um protocolo que qualquer um pode usar”, disse Damien Kieran.

“O que fazemos é quando tiramos a foto do seu olho, usamos essa segurança criptográfica chamada computação multipartidária segura, e pegamos o código, e basicamente o dividimos em pedaços. Nenhum desses pedaços pode ser trazido de volta ao original, e então os armazenamos em bancos de dados distribuídos”, acrescentou Damien.

Por que utilizar os dados da íris

Ao apresentar a ideia de verificação dos dados da íris, a World gerou opiniões diversas entre potenciais usuários. Muitos consideraram o processo “invasivo” e expressaram preocupação com a segurança de seus dados biométricos.

Em entrevista à EXAME, Damien explicou a escolha da íris como dado-chave para o projeto.

“Basicamente, a primeira razão pela qual não podemos usar coisas como documentos de identidade ou telefones é porque qualquer coisa que esteja fora do humano, a IA será capaz de falsificar. A IA será capaz de falsificar isso, e será capaz de falsificar meu rosto”, disse ele.

“Então isso significa que você tem que olhar para dados biométricos. E há quatro tipos de impressão digital biométrica. Palma da mão, íris e DNA. O desafio com o rosto é que posso tirar uma foto do seu rosto e fazer um ‘deep-fake’. Também não funciona em escala. Se você tem um banco de dados com aproximadamente 60 milhões de rostos de pessoas, você obtém falsos positivos”, acrescentou.

“Impressão digital é a mesma coisa. Eu posso pegar uma impressão digital de um copo. Eu posso copiar ou criar uma com IA. E em 80 milhões, 60 a 80 milhões, você obtém falsos positivos. DNA é o terceiro. DNA é muito, muito bom. É muito preciso e pode escalar para bilhões de pessoas. Mas é muito caro. Requer laboratórios para processá-lo. É muito lento e muito difícil de levar para todo o mundo”, disse.

“Então sobra o olho. E o que é interessante sobre essa tecnologia, é que você pode chegar a mais de duas bilhões de pessoas sem nenhum falso positivo. Outra coisa sobre a íris é que eu não posso simplesmente tirar uma foto sua agora com esta câmera ou mesmo uma câmera cara e pegar um código de íris, o que a torna mais segura. Você precisa de uma câmera especial. Então é por isso que desenvolvemos essa câmera e é por isso que usamos dados da íris”, concluiu.

Leia também:  Austrália planeja que gigantes do setor de tecnologia a paguem por notícias

Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *