Indo além das clássicas histórias de amor e enredos que exploram diferentes conflitos familiares e sociais, falar de teledramaturgia brasileira é potencializar legados. Não é à toa que, diante disso, o nome de Manoel Carlos, 91, tenha em um lugar especial.
Nascido em 1933, no Rio de Janeiro, Maneco, como também é conhecido pelo público, se consagrou como um dos principais autores do país. Com mais de 15 folhetins na bagagem, ele imprimiu um estilo singular, com toque sofisticado, protagonistas marcantes — e batizadas de Helenas — ambientadas, na maioria das vezes, no bairro do Leblon, na zona sul carioca.
Afastado da TV desde que colocou no ar a trama de “Em Família”, em 2014, Manoel Carlos, diagnosticado com Parkinson há cerca de seis anos, incumbiu a própria filha, Júlia Almeida, 41, de preservar a sua obra assumindo a direção da produtora Boa Palavra, criada por ele e a esposa, Elisabety, em meados de 2005.
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O ponto de partida para preservar o legado criativo de Manoel Carlos
Como projeto de estreia, a herdeira apresenta, nesta terça-feira (17), às 19h, o documentário “O Leblon de Manoel Carlos”, a partir de simbologias que integram o universo do autor e seu olhar sob as relações humanas, tendo a clássica e nobre região como pano de fundo.
À CNN, Júlia conta que, apesar de ter ficado um “pouco sem ar”, com a nova função, entende o seu lugar nessa tarefa. “Está tudo mudando muito rápido, portanto é minha responsabilidade começar a organizar um legado de tanto peso a partir de agora. E, claro, é com prazer e minha energia que assumi essa posição”.
O ponto de partida para conceber a obra, segundo Almeida, veio do interesse público em entender como o seu pai criava, e a partir de quais perspectivas ele costumava se alimentar na hora de colocar os escritos nas telas.
“E o Leblon, com certeza, é uma grande parte da construção do universo Manoel Carlos, que foi o primeiro autor da teledramaturgia brasileira responsável pela mudança de posicionamento de um bairro”, afirma.
“Espero que as pessoas se sintam próximas, que vejam o quanto ele trabalhou para chegar onde chegou e que sempre usou sua criatividade e ferramentas que tinha em mãos para o bem”, acrescenta.
Os destaques do “O Leblon de Manoel Carlos”
Com oito episódios que serão disponibilizados semanalmente no canal do YouTube da produtora, a série documental revisita o acervo afetivo do artista, passeando por ruas, ouvindo vozes de pessoas reais e personagens que inspiraram suas produções.
Nomes como Vera Fischer e Julia Lemmertz são algumas das participações confirmadas ao longo dos capítulos, que também permitem que o público se debruce sobre Manoel para além das telas. Enquanto pai, avô e amigo.
Vida após diagnóstico de Parkinson
Já aposentado, Manoel Carlos passa parte do tempo em seu apartamento na zona sul do Rio, seguindo uma rotina de cuidados médicos, enquanto divide o dia a dia ao lado da esposa.
“Ele está muito bem acompanhado após o seu diagnóstico, com uma equipe de cuidadoras, médicos e fisioterapeutas. Claro, ele não desgruda da minha mãe, Bety. Na verdade, um não larga o outro”, entrega Júlia.
Manoel Carlos é um dos principais nomes da teledramaturgia brasileira • Instagram/Júlia Almeida
“[Ele] gosta de tomar café da manhã pegando sol na piscina, uma rotina séria e restrita, coisa de extrema importância. Eu me encontro semanalmente com ele para conversarmos sobre os próximos passos da Boa Palavra e tomamos uma taça de vinho – que ele pode – para relaxarmos em família”, finaliza.
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Este conteúdo foi originalmente publicado em “O Leblon de Manoel Carlos”: conexão do autor com bairro inspira documentário no site CNN Brasil.
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