A Novo Nordisk, empresa farmacêutica dinamarquesa, anunciou os resultados de um estudo que aponta a eficácia e segurança do liraglutida no tratamento de obesidade em crianças de 6 a 12 anos. A pesquisa, financiada pela própria empresa, mostrou que o uso do medicamento, em forma de caneta injetável, reduziu em 7,4% o índice de massa corporal (IMC) dos participantes, em comparação com aqueles que utilizaram placebo. Com isso, a Novo Nordisk se prepara para submeter o liraglutida à aprovação de órgãos reguladores nos Estados Unidos e na Europa, visando expandir o uso do medicamento para essa faixa etária. As informações são do Financial Times.
O liraglutida é parte da mesma classe de medicamentos que o Ozempic e o Wegovy, amplamente utilizados no tratamento de diabetes e para a perda de peso. A pesquisa envolveu 82 crianças que haviam passado por tratamentos baseados em mudanças de estilo de vida, sem sucesso. Se aprovado, o liraglutida será o primeiro medicamento voltado para o tratamento de obesidade em crianças com menos de 12 anos, exceto nos casos de distúrbios genéticos raros.
O estudo ocorre em meio a uma corrida entre a Novo Nordisk e a concorrente americana Eli Lilly, ambas focadas no desenvolvimento de medicamentos GLP-1 que possam combater doenças relacionadas à obesidade, como doenças cardíacas. A Novo Nordisk também está investindo em alternativas orais para esses medicamentos, como o desenvolvimento da pílula chamada amycretina, que mostrou resultados promissores em testes preliminares.
Efeitos colaterais
Apesar dos avanços, o uso do liraglutida em crianças também demonstrou efeitos colaterais como náuseas e vômitos, observados de forma semelhante ao uso do medicamento em adultos. Além disso, foi constatado que, uma vez interrompido o uso do remédio, os pacientes tendem a recuperar o peso perdido, destacando os desafios no tratamento da obesidade por meio de medicamentos.
Além do liraglutida, a Novo Nordisk está testando o semaglutida, o principal ingrediente ativo do Ozempic e Wegovy, em crianças mais jovens. O semaglutida já é aprovado para adolescentes com mais de 12 anos e apresenta maior eficácia na perda de peso em comparação ao liraglutida. No entanto, o estudo com crianças menores ainda está em andamento.
A Novo Nordisk também revelou dados preliminares sobre a pílula oral amycretina durante uma conferência de diabetes em Madrid. Usuários que tomaram a dose máxima do medicamento perderam 13% de seu peso corporal em três meses. A empresa acredita que a amycretina pode ser uma alternativa promissora aos tratamentos injetáveis, embora seja necessário um volume maior de ingredientes ativos, o que pode pressionar a cadeia de suprimentos da empresa.
Especialistas apontam que o mercado de medicamentos para obesidade pode atingir US$ 200 bilhões (cerca de R$ 1,1 bilhão) em valor, com a Novo Nordisk e a Eli Lilly dominando o setor. A empresa dinamarquesa continua a investir em pesquisa e desenvolvimento, buscando novos tratamentos que possam suceder o Ozempic e o Wegovy, que enfrentam problemas de oferta devido à alta demanda.
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