Nos acostumamos com a palavra El Niño. Ele é caracterizado pelo aquecimento anormal e persistente da superfície do Oceano Pacífico na linha do Equador e foi responsável por intensificar algumas das mais recentes ondas de calor no nosso planeta. Agora, um novo estudo apontou que o fenômeno climático pode ter tido relação com o maior evento de extinção em massa da história da Terra.
Há 252 milhões de anos, quase toda a vida na Terra desapareceu
A Grande Morte, também conhecida como evento de extinção Permiano-Triássico, ocorreu há 252 milhões de anos e é considerada o maior evento de extinção do nosso planeta, sendo responsável pela morte de cerca de 90% das espécies da época.
Apesar de sua importância para a história da Terra, o que causou tamanho impacto para a vida não é totalmente compreendido.
Por muito tempo, os cientistas acreditaram que o episódio foi causado por grandes erupções vulcânicas no que hoje é a Sibéria, o que teria desencadeado um rápido aumento da temperatura global.
Isso também elevou as temperaturas do oceano e diminuindo os níveis de oxigênio disponíveis para as criaturas marinhas.
Essa explicação, no entanto, apresenta alguns problemas.
Um deles diz respeito às espécies terrestres, incluindo plantas e insetos, que já haviam começado a morrer dezenas de milhares de anos antes das marinhas.
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Mega El Niños teriam devastado ecossistemas inteiros
Para tentar preencher estas lacunas, pesquisadores apresentaram uma nova sugestão do que teria acontecido. Segundo eles, a Grande Morte provavelmente teria sido acentuada por catastróficos “mega El Niños” que devastaram ecossistemas inteiros. Esses eventos climáticos extremos provocaram oscilações significativas no clima, matando grandes quantidades de seres vivos.
De acordo com a pesquisa, o aquecimento climático por si só não pode levar a extinções tão devastadoras porque, como estamos vendo hoje, quando os trópicos se tornam muito quentes, as espécies migram para as latitudes mais frias e mais altas.
O trabalho revelou que o aumento dos gases de efeito estufa não apenas torna a maior parte do planeta mais quente, mas também aumenta a variabilidade climática, tornando ainda mais ‘selvagem’ e difícil para a vida sobreviver.
Neste ano, o El Niño contribuiu para a onda de calor de junho que foi experimentada na América do Norte, quando as temperaturas chegaram a 15°C acima do normal para o período. Apesar da intensidade, os cientistas afirmam que os fenômenos foram ainda mais dramáticos no passado.
A equipe afirmou que, durante a crise do Permiano-Triássico, o El Niño persistiu por muito mais tempo, resultando em uma década de seca generalizada, seguida por anos de inundações. Isso tornou praticamente impossível para muitas espécies se adaptar e continuar vivendo em diversas regiões.
Os resultados foram descritos após análise de isótopos de oxigênio na matéria dentária fossilizada de pequenos organismos aquáticos extintos chamados conodontes. Isso permitiu que fosse determinado o registro de temperatura da quela época.
Essencialmente, ficou muito quente em todos os lugares. As mudanças responsáveis pelos padrões climáticos identificados foram profundas porque houve eventos de El Niño muito mais intensos e prolongados do que os testemunhados hoje, revelaram os pesquisadores.
A extinção do Permiano-Triássico foi tão severa porque o mega El Niño criou um ciclo sobre o clima, o que levou a condições cada vez mais quentes que começaram nos trópicos e depois avançaram para outras regiões, causando a morte da vegetação. Menos plantas significou que menos CO2 era removido da atmosfera. Esse efeito ajuda a explicar por que as espécies terrestres morrerem antes das marinhas.
Embora os oceanos tenham sido inicialmente protegidos do aumento da temperatura, o mega El Niño fez com que as temperaturas em terra excedessem as tolerâncias térmicas da maioria das espécies a taxas tão rápidas que elas não puderam se adaptar a tempo. O estudo foi publicado na revista Science.
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