Lula defende regulação global da IA e mudanças na ONU em discurso em Nova York

O presidente Lula pediu que haja uma regulação global da inteligência artificial, para que ela tenha “a cara do Sul global”, e mudanças profundas no funcionamento da ONU, em discurso na abertura da Assembleia-Geral da entidade, em Nova York.

Lula defendeu que a inteligência artificial não seja controlada por poucas empresas, e que os países precisam ter formas de definir os rumos da tecnologia, com a criação de um fórum internacional onde todos os países tenham assento. Assim, haveria garantias que a nova tecnologia seja usada para promover a educação e o desenvolvimento social e possa ter também a cara do “Sul global”, um termo que se refere aos países menos desenvolvidos.

O presidente defendeu ainda mudanças no funcionamento da ONU. “A exclusao da América Latina e da África do Conselho de Segurança é um eco inaceitável do passado de dominação colonial. Vamos promover essa discussão de forma transparente, em fóruns como o G77 e o G20. Não tenho ilusões sobre a complexidade de uma reforma como esta. Mas esta é nossa responsabilidade. Não podemos esperar uma tragédia como a Segunda Guerra Mundial para reconstruir as instituições”, disse.

Lula foi o primeiro líder de um país a discursar na abertura da 79ª Assembleia-Geral da ONU, em Nova York. O encontro anual reúne presidentes, primeiros-ministros e outros chefes de estado e governo de boa parte dos países do mundo.

Ainda nesta terça, 24, Lula deve se encontrar com Pedro Sánchez, premiê da Espanha, e Emmanuel Macron, presidente da França.

Mundo sem lei

Antes de Lula, o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, fez um discurso no qual fez um chamado para o combate ao aquecimento global e ao fim das guerras e pediu respeito às leis internacionais.

“Hoje, um número crescente de governos se sentem com o direito de sair da lei internacional. Eles podem violar a Carta da ONU, fechar os olhos para convenções internacionais e decisões de tribunais internacionais. Eles podem invadir outro país, espalhar poluição para todas as sociedades, ou mesmo comprometer o bem-estar de seu próprio povo, e nada vai acontecer”, disse Guterres.

O secretário-geral defendeu uma solução de dois estados para Israel e Palestina. Sobre clima, ele exaltou o avanço da energia renovável, para que o mundo cumpra as metas do Acordo de Paris, de redução do aquecimento global.

“Estou honrado de trabalhar ao lado do presidente Lula, do Brasil, e com o G20, para garantir a máxima ambição, aceleração e cooperação. Para este propósito, financiamento é essencial”, prosseguiu.


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