Após mil dias de guerra, o conflito entre Rússia e Ucrânia continua sem sinais claros de resolução. A vitória de Donald Trump na eleição presidencial dos Estados Unidos adiciona incertezas ao apoio ocidental a Kiev, enquanto Vladimir Putin intensifica o uso de estratégias de dissuasão nuclear.
A chegada de Trump ao poder em janeiro pode redefinir a postura americana na guerra. O republicano criticou os pacotes de ajuda militar a Kiev e defendeu a negociação de um “conflito congelado”, onde a Rússia manteria parte dos territórios conquistados, incluindo a Crimeia. Seu indicado para o Departamento de Estado, Marco Rubio, reforçou a ideia de que o atual financiamento à guerra é insustentável.
Por outro lado, o governo Joe Biden autorizou o uso de armas ocidentais contra o território russo, incluindo mísseis de longo alcance, em uma tentativa de fortalecer a posição ucraniana antes de qualquer negociação. Essa estratégia aumentou as tensões com Moscou, que respondeu com novos ataques e ajustes em sua doutrina nuclear.
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Ameaças nucleares e a escalada russa
Na última semana, Putin anunciou mudanças em suas regras de uso de armas nucleares. Agora, ataques de grande porte, mesmo convencionais, podem ser respondidos com armamentos atômicos.
Essa postura foi reforçada pelo lançamento de um míssil balístico de médio alcance com capacidade nuclear na região de Dnipropetrovsk, embora tenha sido usado com explosivos convencionais.
Analistas acreditam que a ação foi uma mensagem ao Ocidente, indicando que a Rússia está disposta a cruzar linhas vermelhas se necessário.
“Essas ameaças fazem parte de uma estratégia de dissuasão que parecia ter sido abandonada após a Guerra Fria”, afirmou Layla Dawood, especialista em Relações Internacionais.
Apoio ocidental e impasses no campo de batalha
Enquanto Moscou reforça suas posições, incluindo a utilização de tropas norte-coreanas, Kiev enfrenta dificuldades para manter o contingente militar necessário.
Biden autorizou novos armamentos para a Ucrânia, como minas terrestres e mísseis ATACMS, mas especialistas apontam que a medida também visa criar obstáculos para a futura administração Trump, caso ele decida reduzir o apoio militar à Ucrânia.
“O envio de minas reflete uma estratégia defensiva para consolidar posições ucranianas e garantir força em futuras negociações”, explicou Sandro Teixeira Moita, professor da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército.
Entretanto, poucos acreditam em uma retirada significativa das tropas russas do leste ucraniano ou da Crimeia, territórios estratégicos para Moscou. Putin indicou que, em troca de concessões territoriais, aceitaria negociar garantias de que a Ucrânia não se juntará à Otan, aliança militar liderada pelos EUA.
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Um conflito sem resolução à vista
Com a intensificação dos ataques russos e o reforço do arsenal ucraniano, o cenário na guerra parece caminhar para um impasse.
A eleição de Trump pode acelerar uma tentativa de acordo, mas a resistência das partes envolvidas e os interesses conflitantes entre Washington, Moscou e Kiev dificultam a construção de uma solução negociada.
Enquanto isso, o conflito segue devastando a Ucrânia e ampliando os riscos para a segurança global, alimentado por uma disputa que já redefiniu as relações internacionais.
(Com informações de Agência O Globo)
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