Guarda Revolucionária do Irã promete ‘resposta esmagadora’ por ataques no Líbano

O comandante da Guarda Revolucionária do Irã, Hossein Salami, afirmou nesta quinta-feira que Israel vai enfrentar “uma resposta esmagadora do Eixo da Resistência” após os ataques lançados contra o Líbano, incluindo a detonação de milhares de pagers e walkie-talkies utilizados pelo Hezbollah.

Teerã é a principal aliada e fornecedora de armas do braço armado do movimento libanês que contesta a existência do Estado judeu.

A promessa de retaliação foi feita pelo chefe da principal unidade armada iraniana ao secretário-geral do Hezbollah, Hassan Nasrallah, que se pronunciou pela primeira vez sobre a série de explosões nesta quinta-feira. Assim como o comandante iraniano, o líder xiita libanês afirmou que Israel vai sofrer uma “punição justa” pelos ataques — oficialmente, o Estado judeu não comentou sobre as detonações.

“Tais atos de terrorismo são indubitavelmente o resultado o desespero pelos fracassos sucessivos do regime sionista [como o Irã se refere a Israel]. Isso logo vai encontrar uma resposta esmagadora do Eixo da Resistência e vamos testemunhar a destruição deste regime criminoso e sanguinário”, disse Salami em sua mensagem a Nasrallah, segundo agências iranianas citadas pela britânica Reuters.

Teerã exerce um papel central no chamado Eixo da Resistência, uma aliança informal entre países e movimentos extremistas islâmicos espalhados pelo Oriente Médio. Os integrantes compartilham entre si a oposição à influência do Ocidente na região e à existência do Estado de Israel. Embora a maioria dos grupos seja de maioria xiita, como o próprio Irã, o Hamas, sunita, e o regime alauita de Bashar al-Assad, na Síria, integram a formação.

Em várias ocasiões desde o atentado de 7 de outubro, autoridades israelenses, incluindo o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, afirmaram que a guerra em Gaza na verdade seria um conflito com o Eixo da Resistência como um todo, citando que as ações do Hamas atenderiam a interesses gestados em Teerã. Outros integrantes do bloco, como o próprio Hezbollah e os Houthis do Iêmen lançaram ataques contra Israel em solidariedade à resistência palestina, prometendo manter atividades hostis até que o confronto tenha fim.

Apesar da ameaça pública iraniana, é incerto até que ponto Teerã tem capacidade (e interesse) em se envolver em uma guerra direta com Israel e seus aliados ocidentais. O país foi atacado diretamente ao menos duas vezes — quando teve a embaixada na Síria explodida por um ataque israelense, e na ação que matou Ismail Haniyeh, então chefe do Gabinete político do Hamas, em uma visita oficial à capital iraniana. Em ambas, prometeu retaliar, mas não conseguiu dar uma resposta na mesma medida.

Após pagers, walkie-talkies do Hezbollah explodem no Líbano e deixam nove mortos e 300 feridos

Após o bombardeio na embaixada na Síria, que matou onze pessoas, incluindo comandantes de alto escalão da Força Quds, unidade especial da Guarda Revolucionária, Teerã respondeu disparando uma série de mísseis, drones e foguetes contra Israel, a partir do seu próprio território, em um ato que pareceu particularmente encenado. Países da região disseram ter sido avisados com antecedência sobre o ataque — informação que os EUA disseram ter recolhido previamente ao anúncio.

A previsibilidade resultou em um esforço conjunto, que incluiu Washington e países da região, como a Jordânia, para derrubar os artefatos iranianos. Quase todos os projéteis — não se reportou o uso de nenhum dos itens de elite do arsenal iraniano — foram abatidos, a exceção de algumas unidades que impactaram em uma base israelense, sem maiores danos. Apesar disso, a resposta foi comemorada como um sucesso pelo aiatolá Ali Khamenei, líder supremo da nação persa.

O assassinato de Haniyeh, condenado como uma violação de soberania grave, até o momento ficou sem nenhuma resposta. Nesta quinta-feira, a Polícia de Israel e o Shin Bet, serviço de inteligência interna, anunciaram ter prendido um cidadão israelense suspeito de ter sido recrutado para executar atividades de sabotagem no país, incluindo um plano para matar o premier Netanyahu, o ministro da Defesa, Yoav Gallant, e outras autoridades.


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