Utilizando o Telescópio Espacial James Webb (JWST), da NASA, astrônomos descobriram uma galáxia no Universo bebê, chamada GS-NDG-9422, que apresenta uma assinatura de luz incomum.
Em um estudo publicado na revista Monthly Notices of the Royal Astronomical Society, uma equipe internacional de pesquisadores concluiu que o brilho notável da galáxia não é causado diretamente por suas estrelas, mas sim pelo gás que a envolve.
Representação artística do Telescópio Espacial James Webb (JWST), da NASA. Crédito: Dima Zel – Shutterstock
Essa descoberta pode oferecer informações sobre uma fase desconhecida da evolução galáctica, em que nuvens de gás superaquecidas podem ofuscar a luz das estrelas. “As estrelas nessa galáxia parecem ser significativamente mais quentes e massivas do que as que observamos na Via Láctea”, disse Harley Katz, astrofísico das universidades de Oxford e Chicago, em um comunicado, ressaltando que o ambiente do Universo primitivo era bem diferente de hoje.
James Webb é uma “máquina do tempo” que leva ao passado do Universo
Na astronomia, observar galáxias distantes é o mesmo que olhar para o passado, pois a luz dessas estrelas leva bilhões de anos para chegar até nós. O JWST, uma colaboração entre a NASA e agências espaciais europeias e canadenses, foi projetado para estudar as eras mais antigas do cosmos, detectando luz invisível em comprimentos de onda infravermelhos. Isso é fundamental, pois a poeira e o gás no espaço podem bloquear a visão de fontes de luz fracas, mas as ondas infravermelhas conseguem penetrar essas camadas.
A galáxia GS-NDG-9422 foi observada como existindo apenas um bilhão de anos após o Big Bang. Isso é praticamente a primeira infância do Universo, que tem estimados 13,8 bilhões de anos.
Acredita-se que essa galáxia esteja passando por uma intensa formação estelar em um denso casulo de gás, onde estrelas massivas e quentes estão sendo geradas. Segundo o estudo, o gás pode estar brilhando intensamente devido à radiação intensa das estrelas.
Utilizando modelos computacionais, os cientistas simularam como estrelas quentes e massivas aquecem as nuvens de gás. Os resultados não apenas demonstraram que o gás poderia ser mais luminoso, como replicaram as recentes observações telescópicas da galáxia GS-NDG-9422.
Enquanto estrelas quentes na Via Láctea têm temperaturas entre 21 mil e 32 mil graus Celsius, as estrelas dessa galáxia ultrapassam os 62 mil.
O Telescópio Espacial James Webb encontrou uma galáxia no início do universo com gás mais brilhante do que estrelas. Crédito: NASA / ESA / CSA / STScI / Alex Cameron
Cientistas querem confirmar se fenômeno se repete em outras galáxias
Cosmólogos já haviam teorizado que, nos primórdios do Universo, o gás poderia ofuscar as estrelas, especialmente as da chamada População III. Encontrar essas estrelas primordiais é uma das metas principais da astrofísica contemporânea.
Como se acredita que a maior parte dos elementos químicos do Universo tenha se originado de estrelas que explodiram, os cientistas concluíram que a primeira geração de estrelas foi composta quase que totalmente por hidrogênio e hélio, os elementos primordiais que surgiram após o Big Bang.
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Embora a galáxia GS-NDG-9422 não contenha as estrelas da População III, sua luz complexa sugere que ela possui algumas das primeiras estrelas do Universo, possivelmente precursoras de galáxias mais desenvolvidas.
Agora, a equipe quer descobrir se esse fenômeno é comum em galáxias de épocas semelhantes. “A primeira impressão ao observar o espectro de luz da galáxia foi: ‘isso é estranho’, que é exatamente o que o JWST foi projetado para revelar”, disse Alex Cameron, principal autor do estudo. Segundo ele, “a observação de fenômenos totalmente novos no início do Universo nos ajudará a entender como a história cósmica começou”.
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