Com uma trajetória de 25 anos como investidor-anjo, William Reeve acumulou experiência suficiente para identificar os “sinais verdes” e “sinais vermelhos” ao avaliar fundadores de startups.
Com um histórico de investimentos em empresas como Zoopla e LOVEFiLM, Reeve prefere apoiar empreendedores que estejam abertos a aprender e que valorizem o conhecimento de investidores experientes — não apenas o capital. A reportagem é da Business Insider.
“Os melhores empreendedores são curiosos e sabem ouvir,” diz Reeve, destacando que a disposição para absorver e aplicar conselhos é um traço essencial.
Ele busca fundadores que reconheçam o valor de uma parceria ativa, onde o investidor também contribui com estratégias e insights. “É frustrante quando você oferece orientação e o empreendedor simplesmente ignora. Se a pessoa só quer o dinheiro e não se interessa em ouvir, eu costumo recusar,” afirma.
Experiência como critério de avaliação
Para Reeve, um bom investimento começa com o setor em que ele já possui expertise, especialmente aqueles em que a tecnologia é um fator central. “Eu procuro investir onde posso contribuir de maneira significativa, seja no suporte à captação de recursos ou na estruturação da equipe,” explica, em entrevista para Business Insider.
Ele também ressalta a importância de ser bem relacionado no mercado, um filtro que utiliza para priorizar oportunidades. Ele prefere conhecer fundadores que chegam até ele por meio de uma recomendação de outro investidor ou empreendedor.
Outro ponto relevante é a paciência no processo de análise. Reeve evita investir logo após um primeiro encontro, preferindo estabelecer pelo menos três pontos de contato com o empreendedor antes de tomar uma decisão.
Essa prática permite que ele observe se o fundador cumpre com suas promessas iniciais e se a relação de confiança se desenvolve naturalmente. Para garantir uma análise completa, Reeve também utiliza sua rede de contatos para conduzir a devida diligência e, quando possível, pede que especialistas do setor conversem com os fundadores em seu lugar.
Sinais positivos e alertas vermelhos
Um dos principais sinais que Reeve considera positivo em uma startup é o que ele chama de “MacGuffin”, um conceito emprestado do cinema que representa o diferencial essencial que torna o negócio competitivo no mercado. “Quero ver o que fará a empresa se destacar. Pode ser uma parceria com o principal player do setor ou uma tecnologia inovadora e patenteada,” explica.
Por outro lado, há alguns sinais que o fazem hesitar. Reeve evita investir em empresas onde familiares, como casais ou irmãos, ocupam cargos importantes, pois acredita que relações pessoais podem interferir nas decisões racionais do negócio. “Quando vejo parentes trabalhando juntos, penso que pode haver fatores emocionais envolvidos que dificultam a objetividade,” observa.
Outro fator determinante é o modelo de negócio. Se o formato da startup é semelhante a algo que Reeve viu fracassar anteriormente, ele tende a passar a oportunidade adiante. “É frustrante para o empreendedor, mas aplico o que aprendi com outros investimentos. Se algo falhou antes, prefiro não arriscar novamente”, diz.
Relação de confiança
Reeve considera fundamental que o fundador veja o investidor como um parceiro estratégico, alguém que pode agregar valor além do capital. Em alguns casos, ele até ajuda a encontrar membros-chave para a equipe, como CTOs, ou facilita o contato com investidores adicionais. Ele enfatiza que os melhores resultados surgem quando ele está envolvido diretamente na gestão, seja como conselheiro formal ou atuando nos bastidores.
Em sua longa trajetória como investidor-anjo, Reeve aprendeu que a abertura para ouvir e colaborar é uma qualidade essencial para um empreendedor alcançar o sucesso. Da mesma forma, ele acredita que a transparência e a confiança mútua são a base de uma relação saudável entre fundador e investidor — o que, segundo ele, faz toda a diferença na trajetória de uma startup.
Deixe um comentário