Três anos após concluir a compra da Linx, a Stone está colocando o ativo à venda. Os bancos Morgan Stanley e JP Morgan foram mandatados recentemente para buscarem compradores pelo ativo.
Ao contrário do que o mercado supõe, porém, a Totvs não é a única no páreo. A empresa de softwares, que chegou a competir com a Stone pela aquisição em 2020, chegou a sinalizar intenção de compra — mas a um valuation muito abaixo do que a empresa de André Street acha justo.
Questionado recentemente num call de resultados, o CEO da Totvs, Dennis Herszkowicz — que já presidiu Linx — disse que teria interesse no ativo.
A tese da Stone, ao menos num primeiro momento, é focar em players interessados em consolidar o mercado de softwares de gestão empresarial focados em verticais específicas na América Latina.
Os fundos de private equity GIC e Advent estão engajados em conversas preliminares, segundo três fontes ouvidas pelo INSIGHT. Uma player estratégico, que já atua com a consolidação nessas verticais fora do Brasil, também está no páreo.
Lá fora, empresas como a Constellation e a Ropers atuam num mercado similar ao da Linx e são negociados a uma relação entre preço e lucro na casa de 20 a 30 vezes.
A Stone pagou R$ 6,7 bilhões pela Linx em 2020, numa tese que haveria uma sinergia grande a ser extraída no cross-sell entre softwares e serviços financeiros.
A compra foi aprovada em paralelo à crise que se abateu na Stone com a explosão da inadimplência e dos custos com a vertical de crédito, que havia acelerado em pouco tempo.
A integração da Linx ficou de lado enquanto a Stone fazia seu turnaround e começou a se executada de maneira mais sistemática no fim do ano passado, sob o comando de Sandro Bassili, executivo que chegou na credenciadora em 2021 para liderar a área de gente e foi destacado como COO de software.
A visão, contudo, é que os negócios são muito diferentes e que a Linx tem uma complexidade própria. Das 12 verticais em que a Linx atua — 10 delas com liderança ou protagonismo no mercado —, a Stone elegeu quatro para focar no cross-sell de seus produtos financeiros, que incluem adquirência, banking e crédito: varejo, farmacêutico, alimentar e postos de gasolina.
Os oito restantes geram caixa, mas tem um perfil mais descolado de negócios. A avaliação dentro da Stone é que a venda cruzada de produtos não depende de a Linx estar debaixo da Stone, mas pode ser feita na forma de uma parceria estratégica de longo prazo com eventual comprador.
Em entrevista exclusiva concedida ao INSIGHT no começo da semana, o CEO da Stone, Pedro Zinner, já tinha destacado os desafios na integração da Linx e que o sucesso da companhia, de perfil mais maduro, dependia de movimentos inorgânicos para fomentar crescimento.
Exclusivo: Fim do crescimento? Para CEO da Stone, a expansão está só começando
A visão da companhia, apontam fontes do setor, é que apesar da baixa integração, a Linx melhorou muito seus resultados desde a aquisição, principalmente graças à iniciativas de eficiência operacional e enxugamento de estruturas. A avaliação, ao menos de largada, é que o ativo não tem um valor “muito diferente” do momento da aquisição, graças à essa melhora e ao potencial de ser base para consolidação.
Junto com a venda da Linx, o mercado tem especulado se a própria Stone não poderia ser vendida ou alvo de um movimento oportunístico de M&A. O Itaú BBA já tinha aventado uma potencial fusão com PagBank e o Bradesco BBI levantou a bola em relatório de que a empresa poderia interessar ao BTG (do mesmo grupo de controle da Exame).
Objetivamente, afirmam as fontes, não há nenhuma intenção dos acionistas de vender a Stone neste momento — seja pela confiança no negócio, que tem um guidance de 30% se crescimento no lucro até 2027, ou pelo valuation depreciado.
Procurada, a Stone disse que não comenta rumores de mercado.
(Uma nota final, a título de curiosidade: a contratação do Morgan Stanley como um dos bancos a cargo da venda da Linx talvez seja um dos maiores exemplos de confiança no chinese wall, a barreira que separa as diversas áreas dos bancos. Na semana passada, o banco deu uma sonora recomendação de venda para as ações da Stone, dizendo que o crescimento no mercado de adquirência acabou e vendo um potencial de queda de 50% nos papéis, já próximos das mínimas históricas.)
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