Evo Morales dá ultimato a Luis Arce e exige que troca de ministros em 24 horas

O ex-presidente da Bolívia e líder do partido governista, Evo Morales, deu um ultimato ao atual presidente do país e seu correligionário, Luis Arce, nesta segunda-feira, exigindo que ele troque seus ministros em 24 horas se quiser concluir o mandato.

“Se Lucho (Arce) quiser continuar governando, primeiro, em 24 horas, deve trocar os ministros narcotraficantes, os ministros corruptos das drogas e os ministros racistas e fascistas”, disse Morales durante um discurso em La Paz.

Milhares de simpatizantes do ex-presidente chegaram nesta segunda-feira à capital depois de uma passeata de sete dias e 187 quilômetros pelo altiplano boliviano com a participação de Morales. A mobilização, chamada “Marcha para salvar a Bolívia”, foi descrita por Arce como uma tentativa de “golpe de Estado”.

Antes da chegada da marcha, apoiadores de Arce, armados com pedaços de madeira e escudos improvisados, montaram barricadas e cercaram a Praza Murillo, onde fica a sede do governo, com medo de que os simpatizantes de Morales tentassem invadi-la.

“Errei ao nomear Lucho (Arce) presidente”, disse Morales durante seu discurso, mencionando que o presidente boliviano ‘afundou’ a Bolívia em uma crise econômica devido à falta de dólares e à escassez de combustível.

Arce foi ministro da Economia quando Morales foi presidente, e ambos são do mesmo partido, o Movimento ao Socialismo (MAS), mas o ex-presidente culpa o correligionário pela crise no país, alegando que ele é “de direita” e está tentando “banir” a legenda.

Por sua vez, Arce culpa Morales pela crise atual, por causa da falta de projetos de exploração para aumentar as reservas de gás natural, um produto do qual a economia boliviana dependia até recentemente.

A mobilização, que começou na última terça-feira, causou tensão entre os habitantes de La Paz, que temem um confronto direto entre “evistas” e “arcistas”.

O ex-presidente também está tentando fazer com que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) o aprove como candidato presidencial para as eleições de 2025, apesar de haver uma proibição constitucional.

Morales também advertiu os magistrados do TSE que, se eles não reconhecerem o congresso do MAS, realizado por seus partidários em 2023, e no qual ele foi proclamado como “candidato único” da legenda, os “evistas” estabelecerão um bloqueio de rodovias em todo o país a partir da próxima segunda-feira.

Arce e Morales estão afastados desde o final de 2021 e travam uma longa batalha pelo controle do MAS e do governo.

“Evistas” e “arcistas” realizaram congressos separados para nomear a diretoria do partido e proclamar candidatos, mas o TSE insistiu que eles realizem um congresso em conjunto para que seja válido, o que não aconteceu.


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