Não é segredo para ninguém que a educação pública no Brasil enfrenta desafios estruturais, financeiros e de qualidade que afetam milhões de jovens. O governo, sozinho, muitas vezes não consegue atender todas as necessidades do setor, gerando um déficit educacional alarmante. Segundo o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA), o Brasil ocupa as piores colocações entre os países da América do Sul e Central, refletindo a crise no sistema educacional.
Dos 48,5 milhões de estudantes no Brasil, 83,6% estão matriculados na rede pública de ensino, mas os resultados educacionais são preocupantes: apenas 9,1% dos alunos concluem o ensino básico com o conhecimento adequado em matemática e 29,1% com o nível adequado em língua portuguesa. Além disso, 29% da população brasileira de 15 a 64 anos são analfabetos funcionais, o que indica grandes dificuldades para ler e interpretar textos simples. O investimento por aluno na educação básica também é baixo, representando apenas 41% da média dos países da OCDE, evidenciando a carência de recursos no sistema.
O Papel da Sociedade Civil na Educação Pública
Para enfrentar essa realidade, a sociedade civil tem se mostrado uma força mobilizadora, capaz de conectar a iniciativa privada às demandas urgentes da educação pública. O modelo norte-americano de parcerias entre empresas e escolas é um exemplo claro de como a união entre sociedade civil e setor privado pode gerar impacto positivo no sistema educacional.
Nos Estados Unidos, iniciativas lideradas por cidadãos e organizações sociais têm engajado empresas em projetos de educação, seja por meio de doações, programas de mentoria ou investimento em infraestrutura escolar. Esse modelo demonstra que o envolvimento da iniciativa privada vai além de caridade: ele cria um ciclo de investimento no futuro do país, capacitando alunos e melhorando as condições das escolas.
Jovens Pela Educação: Mobilizando para a Transformação
Acredito profundamente no dever de impactar nossa sociedade e no poder transformacional que temos como cidadãos. Por esse motivo, há 3 anos, iniciei o projeto Jovens Pela Educação, ONG que busca transformar a vida de crianças e adolescentes em situações vulneráveis através da educação. Desde 2021, já captamos cerca de R$1,4 milhões, firmamos mais de 12 parcerias com empresas e projetos, e impactamos até o momento 18 mil crianças e adolescentes.
Iniciativas da ONG Jovens Pela Educação
Como fazemos isso? Temos nos dedicado a envolver a iniciativa privada em ações concretas, como a reforma da biblioteca da Escola Estadual Reinaldo Ribeiro, realizada por meio de doações de empresários e organização de eventos de fundraising. Além disso, também buscamos outros meios:
Adotamos Escolas Públicas: Investimentos em projetos pedagógicos, como a reforma de bibliotecas, para impactar milhares de alunos e beneficiar toda a comunidade escolar.
Programa de Bolsas: Apadrinhamento de crianças e adolescentes de baixa renda, com deficiências físicas ou necessidades especiais, para garantir educação de qualidade e transformar suas vidas.
Projetos de contraturno em comunidades: Implementação de aulas de reforço escolar, alfabetização e educação financeira em comunidades de baixa renda, melhorando a qualidade da educação básica.
Aulas e Palestras: Realização de aulas e palestras em escolas públicas, trazendo experiências inspiradoras para os alunos através de empreendedores e líderes sociais.
Essas iniciativas são exemplos de como nós, jovens, podemos nos mobilizar para engajar empresas e indivíduos na construção de uma educação pública de qualidade. Nosso papel é fundamental para mostrar à sociedade e à iniciativa privada que investir na educação não é apenas um ato de responsabilidade social, mas também uma oportunidade de contribuir para o desenvolvimento sustentável do país.
O Futuro da Educação Depende da Mobilização Coletiva
O engajamento de jovens e de toda sociedade civil é o ponto de partida para atrair a atenção de empresas e empresários dispostos a contribuir. Ao estabelecer parcerias, promover diálogos e mostrar o impacto real que o investimento em educação pode gerar, podemos convencer o setor privado a se envolver mais ativamente. A força da sociedade civil está em sua capacidade de articular e criar uma ponte entre as necessidades das escolas públicas e os recursos disponíveis nas mãos de empresas e doadores.
Portanto, o futuro da educação pública no Brasil depende não só de políticas governamentais, mas também da mobilização de jovens e de toda a sociedade civil para engajar a iniciativa privada. Juntos, podemos construir um sistema educacional mais justo, inclusivo e preparado para enfrentar os desafios do século XXI.
João Pedro Romani Fornícola é estudante, fundador e presidente da ONG Jovens Pela Educação.
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