Dólar para baixo e PIB para cima: por que o Itaú está mais otimista com a economia brasileira

O Itaú revisou positivamente as principais variáveis da economia brasileira em relatório divulgado nesta quinta-feira, 12. As novas projeções indicam uma atividade econômica mais forte, um dólar mais fraco e uma Selic mais alta.

O banco prevê que o Comitê de Política Monetária (Copom) inicie o ciclo de alta de juros na próxima semana, com um aumento de 0,25 ponto percentual (p.p.), elevando a Selic para 10,75%. Para o ciclo total, o Itaú projeta que a Selic atinja 12%, após duas elevações de 0,50 p.p. e uma adicional de 0,25 p.p.

Apesar do aumento da Selic, o Itaú espera um crescimento mais robusto do Produto Interno Bruto (PIB). Após os resultados sólidos do segundo trimestre, a projeção de crescimento do PIB para 2024 foi revisada de 2,5% para 3%. A estimativa para 2025 também foi ajustada, de 1,8% para 2%.

De acordo com o banco, o crescimento do PIB deve ser impulsionado pelo consumo das famílias, sustentado pela resiliência do mercado de trabalho. Dados recentes do IBGE mostram que a taxa de desemprego está em 6,8%, o menor patamar desde 2015.

O Itaú projeta uma leve alta da taxa de desemprego, para 6,9% até o final do ano, ante uma previsão anterior de 7,3%. Para 2025, a nova estimativa é de 7%, abaixo dos 7,5% projetados anteriormente.

Dólar mais baixo e impacto na inflação

Com esse cenário, o Itaú revisou para baixo sua projeção para o dólar em 2024, de R$ 5,50 para R$ 5,40, e para 2025, de R$ 5,50 para R$ 5,20. O banco justifica essa mudança pelo aumento esperado no diferencial de juros entre Brasil e Estados Unidos, considerando que o Federal Reserve deve iniciar um ciclo de queda de juros, enquanto o Banco Central brasileiro pode seguir elevando a Selic. O dólar encerrou pregão desta quinta cotado a R$ 5,62.

A projeção para a inflação foi mantida em 4,2% para 2024, enquanto para 2025 foi ligeiramente reduzida de 4,2% para 4,1%, incorporando o impacto positivo de um real mais forte no controle de preços de bens de consumo.

Perspectiva fiscal mais otimista

No que diz respeito à questão fiscal, a projeção do Itaú também é mais otimista. O banco prevê um déficit primário de 0,4% do PIB em 2024, em comparação com a estimativa anterior de 0,6%. Para 2025, o déficit primário foi revisado de 0,9% para 0,8%.

No entanto, o banco alerta que, embora as receitas devam aumentar, isso não será suficiente para garantir a estabilização sustentável da dívida pública, a menos que seja acompanhada por uma agenda rigorosa de controle dos gastos obrigatórios.


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