Uma frase icônica de Warren Buffett, um dos investidores mais bem-sucedidos de todos os tempos, diz que “o risco vem de você não saber o que está fazendo”. A clássica citação cai muito bem quando o assunto é diversificação dos investimentos.
Todo investidor, ainda que iniciante, já ouviu a máxima de que não se deve colocar todos os “ovos na mesma cesta” quando o assunto é formação de patrimônio. Diversificar, porém, não significa distribuir o dinheiro em ativos aleatórios, e sim entender como diferentes investimentos se comportam em conjunto, para selecionar aqueles que melhor vão compor um portfólio.
Carteiras com 100% de ativos brasileiros têm volatilidade estimada em 25% ao ano; com ativos dolarizados, a taxa cai para 4%
Por que investir em dólar?
Incluir na carteira ativos em dólar faz parte dessa estratégia, uma vez que investir fora do país é uma forma de proteger o patrimônio e diminuir o risco da carteira.
Um estudo realizado pela Nomad — fintech brasileira de conta internacional para viajar e investir no exterior —, em parceria com Bruno Giovannetti e Fernando Chague, professores de economia e finanças na EESP/FGV, constatou que carteiras totalmente baseadas em ativos brasileiros têm volatilidade estimada em 25% ao ano. Ao incluir ativos dolarizados, o índice despenca para 4%.
Por que ativos em dólar trazem segurança à carteira?
É simples compreender essa lógica. A diversificação da carteira tem como principal baliza o conceito da correlação, que é a proximidade dos ativos em relação às suas características e a seus comportamentos diante do mercado.
“Os ativos emitidos pelo tesouro americano são considerados os títulos de renda fixa mais seguros do mundo pelas agências de classificação de risco”
Paula Zogbi, gerente de Research da Nomad
Na prática, quanto menos correlacionados forem os investimentos, mais protegida estará a carteira. E isso se justifica na medida em que os ganhos e perdas de cada um acontecem em momentos distintos: quando um ativo sobe, o outro tende a cair (e vice-versa), e os ganhos de um compensam as perdas de outro, reduzindo os riscos de oscilações bruscas.
É o que acontece no caso dos ativos internacionais, que têm uma baixa correlação com os ativos aqui do Brasil. Isso quer dizer que, em momentos negativos para investimentos no país, ter parte do patrimônio atrelado ao dólar estabiliza a carteira. Se a bolsa brasileira cai, por exemplo, geralmente a bolsa americana sobe — e esse equilíbrio é o melhor dos mundos para uma diversificação eficiente.
“Existem, claro, investimentos de alto risco no exterior, com alta volatilidade, mas também há opções mais conservadoras”, salienta Paula Zogbi, Head de conteúdo e Research da Nomad. “Os ativos emitidos pelo tesouro americano, por exemplo, são considerados os títulos de renda fixa mais seguros do mundo pelas agências de classificação de risco.”
“Quanto menos correlacionados forem os investimentos, mais protegida estará a carteira”
Outras vantagens de investir fora do país
Além de oferecer mais estabilidade ao portfólio, elevando a proteção contra as oscilações econômicas do Brasil e do real, investir globalmente tem outras vantagens.
Por exemplo, amplia as oportunidades de investimento com acesso a novos mercados e setores, inclusive segmentos sub-representados na nossa bolsa. No caso do mercado americano, isso inclui as duas maiores bolsas do mundo, NYSE e Nasdaq, e empresas na vanguarda da tecnologia, que não estão disponíveis no país.
Outro ponto a ser considerado, segundo Zogbi, é a ampla presença do dólar na economia brasileira, seja em insumos importados, seja em receitas de exportação. Logo, a importância de investir no exterior também tem a ver com o dia a dia, porque o dólar afeta os gastos de todos, fazendo com que investimentos no exterior protejam o investidor contra a inflação.
“Desde a criação do real, há 30 anos, a tendência de longo prazo para a nossa moeda foi a desvalorização em relação ao dólar, que segue sendo a moeda mais negociada e forte do mundo. Por isso, a parcela dolarizada do seu patrimônio não é apenas uma busca por melhores retornos e mercados diferentes, mas também uma proteção contra a perda do poder de compra no longo prazo.”
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