“Cometa do Século” pode desaparecer para sempre após encontro com o Sol nesta sexta (27)

Descoberto em janeiro de 2023 pelo Observatório Chinês de Tsuchinshan e confirmado pelo ATLAS (Sistema de Alerta de Impacto de Asteroides), da NASA, o cometa C/2023 A3 (Tsuchinshan-ATLAS) atinge o periélio (ponto de maior proximidade com o Sol) nesta sexta-feira (27).

Este é um momento tenso e delicado: depois desse encontro, os astrônomos vão avaliar se o cometa se tornará um grande espetáculo visível a olho nu, com uma longa cauda luminosa (digno do apelido de “Cometa do Século”), ou se ele vai se desintegrar devido à força gravitacional do Sol, desaparecendo para sempre.

Cometa C/2023 A3 (Tsuchinshan-ATLAS) fotografado de Christ Church, Barbados, na segunda-feira (23). Crédito: David Marshall via Spaceweather.com

Sobre o nome do “Cometa do Século”:

A letra “C” indica que é um cometa não periódico, ou seja, ele se origina na Nuvem de Oort e pode passar pelo Sistema Solar apenas uma vez ou demorar milhares de anos para retornar;

A designação “2023 A3” revela que foi o terceiro objeto desse tipo descoberto na primeira quinzena de janeiro de 2023, enquanto o sufixo Tsuchinshan-ATLAS faz referência às instituições envolvidas na sua descoberta;

O apelido “do Século” é controverso, já que há especialistas que não acreditam que seu brilho vai superar o do cometa McNaught, que passou em 2007 com magnitude de -5.5.

Cometa C/2023 A3 (Tsuchinshan-ATLAS) registrado de Shellharbour, na Austrália, nas primeiras horas da manhã de segunda-feira (23). Crédito: Joe Perulero via Spaceweather.com

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Cometa tem tamanho suficiente para passar ileso pelo periélio

Embora alguns estudos afirmem que o cometa C/2023 A3 pode se desintegrar ao se aproximar do Sol, outros defendem que seu tamanho é suficiente para resistir à intensa força gravitacional do astro. 

De acordo com Marcelo Zurita, presidente da Associação Paraibana de Astronomia (APA), membro da Sociedade Astronômica Brasileira (SAB), diretor técnico da Rede Brasileira de Observação de Meteoros (BRAMON) e colunista do Olhar Digital, esse cometa tem dois momentos de visibilidade. 

O primeiro começou em 15 de setembro e vai até o periélio. “Esta é a última e melhor oportunidade para observá-lo próximo ao horizonte leste no início da manhã. A partir de então, ele vai ‘despencar’ em direção ao Sol, deixando de ser visível no dia 4 de outubro e reaparecendo novamente a partir do dia 12 ao anoitecer, na direção oeste”.

Zurita não vê tanta probabilidade na desintegração. “Ele vem resistindo e quanto mais passa o tempo, menor a chance de fragmentação.”

Posição do cometa no céu de São Paulo às 5h (pelo horário de Brasília) entre os dias 15 de setembro e 5 de outubro. Reprodução: Stellarium

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É para esta data, quando comemoramos o dia das crianças, que está prevista a maior aproximação do C/2023 A3 com a Terra, quando o cometa passará a cerca de 41,2 milhões de km do planeta, entre as órbitas de Mercúrio e Vênus. Nesse momento, chamado de perigeu, é possível que o objeto alcance um brilho similar ao de Vênus, o corpo celeste mais brilhante do céu noturno, com exceção da Lua. 

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No entanto, encontrar um local adequado será um desafio, pois o cometa estará baixo no céu, dificultando a visibilidade, especialmente em regiões urbanas com poluição e alta luminosidade.

A órbita do cometa C/2023 A3 é retrógrada, ou seja, ele se move na direção oposta à maioria dos objetos do Sistema Solar. Isso indica que este é um cometa de longo período, o que significa que sua próxima passagem por aqui pode demorar milhares ou até milhões de anos.

Neste link, você acessa as informações atualizadas sobre o cometa C/2023 A3.  

A lista abaixo, elaborada por Zurita após uma pesquisa em 2022, relaciona os cometas mais brilhantes de cada ano desde 2000, juntamente com seus brilhos máximos atingidos:

2000: Cometa LINEAR (C/1999 S4) – brilho máximo de magnitude -3.0

2001: Cometa LINEAR (C/2001 A2) – brilho máximo de magnitude 3.3

2002: Cometa Ikeya-Zhang (C/2002 C1) – brilho máximo de magnitude -1.5

2003: Cometa NEAT (C/2001 Q4) – brilho máximo de magnitude -1.3

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2004: Cometa Bradfield (C/2004 F4) – brilho máximo de magnitude 6.0

2005: Cometa Machholz (C/2004 Q2) – brilho máximo de magnitude 3.2

2006: Cometa Swan (C/2006 M4) – brilho máximo de magnitude 3.3

2007: Cometa McNaught (C/2006 P1) – brilho máximo de magnitude -5.5

2008: Cometa Holmes (17P/Holmes) – brilho máximo de magnitude -1.0

2009: Cometa Lulin (C/2007 N3) – brilho máximo de magnitude 5.9

2010: Cometa McNaught (C/2009 R1) – brilho máximo de magnitude 5.1

2011: Cometa Lovejoy (C/2011 W3) – brilho máximo de magnitude -3.3

2012: Cometa Pan-STARRS (C/2011 L4) – brilho máximo de magnitude 1.3

2013: Cometa ISON (C/2012 S1) – brilho máximo de magnitude -0.5

2014: Cometa Jacques (C/2014 E2) – brilho máximo de magnitude 6.5

2015: Cometa Lovejoy (C/2014 Q2) – brilho máximo de magnitude 4.0

2016: Cometa Catalina (C/2013 US10) – brilho máximo de magnitude 5.5

2017: Cometa Johnson (C/2015 V2) – brilho máximo de magnitude 5.5

2018: Cometa PanSTARRS (C/2017 S3) – brilho máximo de magnitude 6.0

2019: Cometa Atlas (C/2019 Y4) – brilho máximo de magnitude 8.0

2020: Cometa Neowise (C/2020 F3) – brilho máximo de magnitude -1.0

2021: Cometa Leonard (C/2021 A1) – brilho máximo de magnitude 2.5

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