O comércio e o setor agrícola argentino celebraram nesta sexta-feira, 6, o acordo entre a União Europeia (UE) e o Mercosul, que ainda não foi ratificado pelos seus membros, durante a 65ª Cúpula do bloco formado por Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai e Bolívia em processo de entrada.
A Sociedade Rural Argentina (SRA), uma das quatro maiores associações patronais agrícolas do país, considerou que o acordo “será benéfico para impulsionar as exportações” do país sul-americano em “alimentos de qualidade e de alto valor acrescentado para um mercado com elevado poder aquisitivo.” e que a assinatura do acordo é “fundamental” porque é “um grande potencial de investimento” para o agronegócio.
“Este acordo representa uma grande oportunidade para o agronegócio argentino e para consolidar uma plataforma de exportação globalmente competitiva”, disse o presidente da SRA, Nicolás Pino, no comunicado.
Pino acrescentou que “de cada dez dólares que a Argentina exporta, seis provêm de produtos agroindustriais, o que torna este acordo uma oportunidade estratégica para diversificar e expandir mercados. Além disso, reforça a abertura ao mundo, demonstrando que é possível integrar economias, mesmo num contexto internacional marcado pelo ressurgimento do protecionismo.”
A SRA lembra que o acordo inclui reduções tarifárias e contempla as assimetrias entre os dois blocos, ao eliminar tarifas para 70% dos produtos, com cronograma de redução tarifária de até 15 anos para o Mercosul e de até dez anos para a UE.
A Argentina já exporta produtos como farelo de soja, carne bovina, biodiesel e camarão e, para a SRA, o acordo facilitará o acesso aos biocombustíveis e à produção regional, protegendo ao mesmo tempo a produção de setores sensíveis para o Mercosul, ao excluir trigo, cevada, vinho a granel. e soro de leite.
A Confederación Intercooperativa Agropecuaria Limitada (Coninagro), que reúne o setor cooperativo agrícola argentino, também comemorou o acordo em sua conta X, como “uma grande oportunidade para explorar outros mercados”.
O Conselho Agroindustrial Argentino (CAA) manifestou as suas “boas-vindas” ao acordo e acrescentou que este tem um “valor estratégico”, dado que permitirá aos blocos dialogar sobre “questões sensíveis como a legislação ambiental e laboral”.
“Esse anúncio é muito positivo, porque mostra um Mercosul mais ativo e determinado na abertura de mercados”, afirmou o presidente da CAA, José Martins, no comunicado.
O presidente da Câmara de Comércio e Serviços Argentina e próximo presidente do Conselho de Câmaras de Comércio do Mercosul, Natalio Grinman, se pronunciou em nota “a favor” do acordo e antecipou que “colaborará com a tão necessária integração internacional da Argentina”.
“Ambos os blocos constituem um mercado de 700 milhões de pessoas, com estruturas produtivas em grande parte complementares e que, consequentemente, podem beneficiar significativamente de uma maior integração”, explicou Grinman.
O fundador e CEO da fintech argentina Ualá, Pierpaolo Barbieri, duvidou que a França ratificasse o acordo, depois de afirmar na sua conta X que “é muito positivo para a integração comercial com o mundo. Mas só se os países da UE (especialmente o segundo , França) ratificá-lo.”
Aliás, a Presidência Francesa afirmou esta sexta-feira que o acordo continua “inaceitável” e lembrou que ainda não “foi assinado nem ratificado” e, portanto, não tem “nenhum efeito jurídico”, num contexto de manifestações de agricultores no país rejeitando o tratado.
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