Cofundador da OpenAI, Ilya Sutskever, afirma que a forma como a IA é criada está prestes a mudar

O cientista e cofundador da OpenAI, Ilya Sutskever, participou na última sexta-feira, 15, da Conference on Neural Information Processing Systems (NeurIPS), em Vancouver, e durante sua rara aparição pública, o pesquisador fez uma previsão ousada: a evolução das IAs por meio do acréscimo de mais informações, modelo amplamente utilizado hoje, será substituído por novas abordagens devido à escassez de dados disponíveis.

Segundo Sutskever, a fase inicial de desenvolvimento de modelos, onde sistemas aprendem a partir de vastas quantidades de dados, como textos da internet e livros, enfrenta um obstáculo: “atingimos o pico de dados e não haverá mais”, afirmou. Ele comparou os dados a combustíveis fósseis, dizendo que, assim como o petróleo, a internet é um recurso finito.

“Temos que lidar com os dados que temos. Só existe uma internet”, disse o ex-cientista chefe da OpenAI, que hoje lidera seu próprio laboratório, a Safe Superintelligence Inc.

Sutskever destacou que a falta de novos dados não impedirá avanços imediatos, mas obrigará a indústria a explorar alternativas. Para ele, os modelos do futuro terão características mais avançadas, como raciocínio em tempo real e maior capacidade de tomada de decisão, se aproximando de um comportamento verdadeiramente autônomo.

O futuro das IAs: agentes racionais e mais imprevisíveis

O cientista também projetou que as próximas gerações de IA não se limitarão ao reconhecimento de padrões conhecidos. Esses sistemas serão capazes de “resolver as coisas passo a passo” e compreender informações a partir de dados limitados, sem confusão. Ele comparou a imprevisibilidade desses sistemas à forma como IAs que jogam xadrez surpreendem até os melhores enxadristas humanos.

Sutskever relacionou o potencial da IA à biologia evolutiva, citando a discrepância na proporção entre cérebro e massa corporal entre humanos e outros mamíferos. Ele sugeriu que, assim como a evolução encontrou formas de superar limitações biológicas, a IA também poderá transcender os limites do pré-treinamento atual.

Apesar das previsões, ele expressou cautela sobre os impactos sociais e éticos dessas mudanças. Em resposta a uma pergunta da plateia sobre como criar mecanismos que garantam liberdades humanas em um futuro com IAs autônomas, Sutskever admitiu que não se sente confiante em propor soluções concretas.

“Acho que essas questões exigem uma estrutura governamental de cima para baixo. Mas incentivo a reflexão e especulação sobre o tema”.

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