Cérebro pode permanecer jovem por mais tempo com remédio para diabetes

Um medicamento utilizado no tratamento de diabetes tipo 2 pode, no futuro, evitar que nosso cérebro envelheça rapidamente. Evidências de que a metformina, como é chamada, pode retardar o envelhecimento do cérebro já foram encontradas em pessoas que tomam o remédio, além de experimentos com vermes, moscas e roedores.

Agora, pesquisadores da Academia Chinesa de Ciências encontraram mais provas disso em primatas.

O estudo acompanhou, durante 40 meses, um grupo de macacos comedores de caranguejo (Macaca fascicularis), machos com idade entre 13 e 16 anos (equivalente aos nossos 40 a 50 anos), que tomaram uma dose diária do medicamento. Os resultados foram divulgados na revista Cell.

A metformina é um dos principais medicamentos utilizados no tratamento do diabetes tipo 2. Imagem: rafapress / Shutterstock.

Remédio foi capaz de atrasar o relógio biológico dos macacos

No novo experimento, alguns dos macacos estudados receberam uma dose diária de metformina por cerca de três anos, algo próximo de um tratamento humano.

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Outros macacos passaram pelo tratamento, mas sem tomar o remédio, para comparação. Animais jovens também foram estudados para entender os impactos em diferentes idades.

Foram analisados cinco elementos: fisiologia, memória, aprendizado, flexibilidade cognitiva e morfologia cerebral.

Constatou-se que a metformina retardou o envelhecimento do fígado e reduziu a idade biológica em diversas medidas. Além disso, reativou mecanismos que ficam mais lentos com o envelhecimento.

Mas o mais importante: os cientistas descobriram que a metformina atrasa realmente o envelhecimento do cérebro.

Inclusive, fornece neuroproteção para macacos idosos e resgata o lobo frontal em uma média de quase seis anos.

Resumo gráfico das descobertas de como a metformina age nos macacos – Imagem: Cell

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Um estudo extenso, mas com limitações

Na revista Nature, o novo estudo sobre os efeitos antienvelhecimento da metformina em macacos foi descrito como “o exame mais quantitativo e completo da ação da metformina que já vi além dos camundongos”, por Alex Soukas, do Hospital Geral de Massachusetts.

No entanto, vale lembrar que a pesquisa não analisou a mortalidade nem acompanhou os impactos de longo prazo após o tratamento. Além disso, a amostra não incluiu fêmeas, portanto não há certeza de que os efeitos seriam os mesmos no gênero oposto.

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Testes em humanos já começaram

A ciência ainda não tem todas as respostas sobre como a metformina impacta os macacos e como pode afetar os humanos. No entanto, os pesquisadores acreditam que essa descoberta é um avanço importante para o desenvolvimento de tratamentos que combatam os efeitos do envelhecimento cerebral no futuro.

Inclusive, uma equipe chinesa, em parceria com uma empresa farmacêutica que fabrica metformina, já começou a testar o medicamento em humanos, com um estudo envolvendo 120 pessoas. Por enquanto, teremos que aguardar os próximos capítulos dessa jornada em busca de evitar que nossos cérebros envelheçam rápido demais.

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