Na última quarta-feira o CEO do Carrefour, o francês Alexandre Bompard, decidiu compartilhar em suas redes sociais que a rede varejista não compraria mais carnes vendidas pelo Mercosul, bloco formado pelo Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai.
O posicionamento, argumentou em nota feita para ao sindicato agrícola francês, era em solidariedade aos protestos dos agricultores locais contra o acordo entre o bloco sul-americano e a União Europeia.
“Em toda a França, ouvimos a confusão e a raiva dos agricultores em relação ao projeto de acordo de livre comércio entre a União Europeia e o Mercosul e ao risco de transbordar no mercado francês de uma produção de carne que não respeita suas exigências e padrões”, escreve Bompard. “É fazendo um bloqueio que podemos tranquilizar os produtores franceses. No Carrefour, estamos prontos para isso”.
Depois do Carrefour, mais um grupo varejista francês anuncia boicote à carne do Mercosul
Entenda o que aconteceu
Discutido desde há mais de 20 anos, sem nunca efetivamente ter saído do papel, o acordo comercial ganhou os holofotes nos últimos dias devido a uma série de protestos na França. Agricultores europeus temem que a redução de tarifas de importação e exportação entre os blocos os prejudique.
O posicionamento de Bompard ocorreu no terceiro dia seguido de protestos. A essa altura, manifestantes jogavam estrume frente a prédios de prefeituras e bloqueavam ruas.
A nota, no entanto, não caiu bem entre os agricultores e o governo brasileiro. Apesar de a fala de Bompard não deixar claro como seria interrompida essa compra de carne, ou sequer como isso afetaria a logística da companhia, não demorou para que produtores e entidades brasileiras começassem a falar em boicote contra o Carrefour.
Como mostrou O GLOBO, além de ruralistas, frigoríficos e restaurantes brasileiros adotaram o movimento contra a varejista.
Além disso, outras entidades se uniram ao coro contra a rede, entre eles a Federação de Hotéis, Bares e Restaurantes do Estado de São Paulo (Fhoresp), Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG), Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Sociedade Rural Brasileira e a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo(Fiesp).
Em nota, o Carrefour afirmou que a medida anunciada “se aplica apenas às lojas na França”. “Em nenhum momento ela se refere à qualidade do produto do Mercosul, mas somente a uma demanda do setor agrícola francês, atualmente em um contexto de crise”, disse.
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