Além de celulares e joias, criminosos miram criptomoedas em assaltos no Rio de Janeiro

Cartão postal da zona sul do Rio de Janeiro, o bairro do Leblon tem se tornado um território de alto risco para investidores de criptomoedas.

Criminosos têm praticado assaltos à mão armada visando os celulares de suas vítimas. Não exatamente para roubá-los, mas sim para acessar carteiras e aplicativos de criptomoedas, informou nota publicada na coluna de Ancelmo Gois no O Globo.

Com uma abordagem tanto agressiva quanto sofisticada, os autores dos “cripto assaltos” exigem de suas vítimas senhas e chaves privadas de exchanges e carteiras autocustodiais de criptomoedas. Munidos dessas informações, eles repassam os fundos para carteiras não identificadas.

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Uma vez zeradas as contas, há muito pouco que os usuários possam fazer para recuperar seus fundos, pois transações realizadas em redes blockchain são irreversíveis. Rastreá-las seria uma tarefa para profissionais especializados, algo que está fora do alcance dos funcionários da Polícia Civil do Rio de Janeiro.

Ainda assim, mesmo que a vítima conseguisse identificar o endereço de destino e o fluxo das criptomoedas roubadas, reavê-las exigiria identificar o detentor da carteira, localizá-lo e, de alguma forma, obrigá-lo a reverter as transações. Ou seja, praticamente uma missão impossível.

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Assaltos a investidores de criptomoedas não são novidade e têm se tornado cada vez mais comuns. Inclusive com a formação de quadrilhas especializadas neste tipo de crime.

Como evitar o roubo de criptomoedas

Diante do aumento de ameaças à integridade física de usuários de criptomoedas, Jameson Lopp, desenvolvedor do Bitcoin e fundador da carteira de criptomoedas Casa, lançou um alerta à comunidade em uma postagem no blog da empresa, pedindo maiores cuidados com a segurança e a custódia de ativos digitais.

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Lopp reconhece que os “cripto assaltos” existem desde que surgiram os primeiros milionários do Bitcoin, mas afirmou que a incidência tem aumentado sensivelmente nos últimos anos – não apenas nos EUA e no Brasil, mas no mundo todo:

“À medida que o valor do bitcoin e das criptomoedas aumenta, os ativos digitais atraem a atenção dos criminosos, especialmente os especialistas em tecnologia. Com a entrada de organizações criminosas na equação, é de se esperar que os ataques se tornem mais inteligentes, sofisticados e brutais.”

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Lopp afirmou que os criminosos costumam identificar potenciais alvos em redes sociais, eventos relacionados à indústria e, com maior sofisticação, através da varredura de dados online.

Para se proteger, os usuários devem adotar diversas camadas de proteção. A primeira medida é preservar ao máximo a própria privacidade. “A premissa fundamental é que, se os criminosos tiverem menos informações sobre você, é menos provável que eles o tomem como alvo”, afirmou Lopp.

Um equívoco fatal, segundo o desenvolvedor, é portar chaves ou carteiras em lugares públicos, mesmo que os considere seguros, criando um ponto de vulnerabilidade fácil de ser explorado por criminosos:

“Se você mantiver bitcoin ou outras criptomoedas em uma exchange ou uma carteira instalada no seu celular, poderá ser forçado, contra sua vontade, a enviá-lo para o endereço do criminoso.”

As táticas mais comuns de aproximação envolvem golpes de engenharia social viabilizados por vazamento de dados, encontros marcados através de aplicativos de relacionamento ou mesmo ataques direcionados como os que têm ocorrido no Rio de Janeiro, nos quais o algoz obriga a vítima a desbloquear seu celular em busca de aplicativos de criptomoedas.

Lopp oferece outras recomendações para minimizar as chances de extorsão de criptomoedas:

Não use roupas ou outros adereços que revelem interesse em criptomoedas;
Não utilize criptomoedas para fazer compras em estabelecimentos comerciais;
Evite situações e locais em que há maior probabilidade de assaltos;
Jamais revele publicamente informações sobre a sua localização em tempo real e desative o rastreamento de localização em tempo real em aplicativos baixados e dispositivos móveis;
Não use aplicativos de relacionamento em viagens no exterior;
Não ostente sua riqueza nas redes sociais.
Além das medidas de preservação da privacidade, Lopp recomenda armazenar criptomoedas em carteiras frias, sem conexão com a internet, e a utilização de “passphrases” como uma camada adicional de segurança, além das próprias chaves privadas.

Não são apenas os assaltos à mão armada que estão em alta. Os ataques hacker de criptomoedas também aumentaram em 2024, alavancados por vazamentos de dados e de práticas de armazenamento inadequadas de chaves privadas.

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