João Campos deve assumir presidência do PSB em 2025

Ao que tudo indica, o prefeito de Recife, João Campos (PSB), está seguindo os passos de seu pai, Eduardo Campos, e de seu avô, Miguel Arraes. João deve assumir, a partir do ano que vem, a presidência nacional do PSB, cargo que foi ocupado por seus familiares no passado.

Segundo interlocutores da sigla ouvidos pelo GLOBO, João Campos tem a benção pessoal do atual líder da sigla, Carlos Siqueira, que comanda a sigla desde 2014. Siqueira foi quem sucedeu Eduardo Campos, que ocupava o posto até a data de sua morte durante a período eleitoral da disputa presidencial. O ex-governador morreu em um acidente aéreo em 13 de agosto daquele ano e os dois eram amigos pessoais, sendo o atual dirigente seu ex-coordenador de campanha.

A decisão de sua sucessão é discutida desde o 15° Congresso Nacional do PSB, que ocorreu em abril de 2022, quando ele foi reconduzido presidente pelo triênio. Na ocasião, Siqueira verbalizou aos aliados que este seria seu último mandato à frente do partido.

João Campos ganhou sua confiança e é unanimidade no partido pela projeção que alcançou nos últimos anos e foi chancelada nas eleições municipais deste ano, quando foi reeleito com 78% dos votos ainda no primeiro turno. Aos 31 anos, o prefeito tem habilidade nas redes sociais e é visto como uma liderança jovem que pode provocar uma renovação política e trazer novos quadros.

Alinhado a isso, ele já tem se envolvido em decisões da sigla, desde 2019, entre jantares e reuniões. Nas eleições municipais, foi um dos entusiastas da candidatura de sua namorada, a deputada federal Tabata Amaral, em São Paulo. Já em 2022, participou da costura que culminou na filiação do vice-presidente Geraldo Alckmin. Recentemente, ele comandou o anúncio de apoio ao candidato à Presidência da Câmara Hugo Motta (PP).

Pesquisas internas estariam o colocando em projeção semelhante a de lideranças como o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), e o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL).

A existência de uma candidatura única é o formato de praxe do PSB, que normalmente funciona em consenso. A última disputa interna ocorreu justamente em 2014, quando Siqueira conquistou seu mandato.

Com o vácuo de poder deixado por Eduardo, os dirigentes estavam em pé de guerra tendo em vista o apoio no segundo turno. Na ocasião, o partido declarou endosso à candidatura do deputado federal Aécio Neves (PSDB), mas a ala de Roberto Amaral, que presidiu o partido interinamente, defendia estar no palanque da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).

A eleição ocorrerá no próximo congresso, previsto para maio de 2025. Caso a indicação de João seja aprovada, seu eventual mandato será focado no fortalecimento das bancadas federais do PSB, na Câmara dos Deputados e no Senado.

De olho em 2026

O voo solo de João Campos em seu partido está em acordo com seu projeto de 2026, para o governo de Pernambuco. Desde o ano passado, o prefeito tem se alçado à disputa que deve o opor à governadora Raquel Lyra (PSDB), que disputará a reeleição.

Nos bastidores, os dois já travam um clima de animosidade e teriam se reunido enquanto prefeito e governadora, sozinhos, em apenas uma ocasião.

Campos tem dificultado a relação de Lyra com a Assembleia Legislativa. Quando Raquel Lyra foi eleita, ele já havia feito um acordo com o presidente da Casa, Álvaro Porto (PSDB), por cargos na Mesa Diretora.

Em contrapartida, Lyra tem atrapalhado o prefeito em sua relação local com o PT, que tem mágoas em relação a Campos. O partido queria a vaga de vice na chapa à reeleição e terminou preterido por Victor Marques (PCdoB), ex-assessor do prefeito.

Leia também:  8 práticas para a liderança construir uma cultura de confiança em 2025

Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *