O tema de privacidade de dados é “importantíssimo” no desenvolvimento do Drex, mas “não preocupa ou inviabiliza” o projeto do Banco Central para criar uma versão digital do real. É o que afirma Luiz Fernando Lopes, gerente-executivo de produtos digitais da TecBan, em entrevista exclusiva à EXAME sobre o tema.
A TecBan é uma das empresas que está participando nos testes com a versão piloto da moeda digital de banco central (CBDC, na sigla em inglês). O processo chegou no final deste mês à sua segunda fase, em que haverá mais casos de uso testados.
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Na visão do executivo, “o tema da privacidade é importantíssimo, mas não me preocupa. Testamos as quatro soluções [de privacidade anunciadas pelo Banco Central] e vimos que elas resolvem o problema e conseguem garantir a privacidade dos dados. Agora tem a avaliação de critérios técnicos pelo Banco Central para a escolha”.
“A gente viu que ambas as soluções resolvem a questão da privacidade, é um fato. Agora, precisa avaliar a complexidade da implantação dessas soluções e a escalabilidade delas. A solução de privacidade requer mais processamento para transações, então isso vai ser levado em conta. Mas não tenho dúvidas que as soluções atendem às necessidades do Drex”, ressalta.
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Próximos passos do piloto
Lopes pontua que, na primeira fase, o próprio foco daquele momento do piloto “não estava tão claro, mas acabou sendo mais técnico, com toda a questão da privacidade”. A TecBan chegou a cadastrar um possível caso de uso envolvendo a emissão de CPRs, títulos do agronegócio, mas a ideia não foi levada adiante naquele momento.
Agora, a empresa conseguirá testar a proposta com a segunda etapa, focada exatamente em casos de uso para o Drex. “A ideia é ter um projeto mais inovador, com a emissão da CPR, transformando ela em um CRA, um outro título, para que possamos abrir o diálogo com a CVM. O CRA é um ativo mobiliário, então precisará ter essa participação da CVM”, explica.
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“Na prática, isso funcionaria com o produtor rural emitindo o token do CPR, teria um banco que faz a liberação do financiamento através da emissão desse título e, através de uma securitizadora, fazemos um conjunto das CPRs emitidas e transformamos em CRA. Com isso, investidores do mercado compram as cédulas para potencializar o investimento nesse seguimento”, comenta.
Para o executivo da TecBan, o projeto conseguiria dar mais transparência a essas operações e eficiência por meio dos contratos inteligentes. Ao mesmo tempo, conseguiria aumentar a quantidade de capital disponível para os produtores rurais e até reduzir as taxas cobradas pelos bancos nos financiamentos, devido ao potencial de investimento.
Além da TecBan e seu consórcio, os testes de aplicação do Drex no agronegócio contarão com empresas como a Visa e a XP. Lopes comenta que “vemos de forma muito positiva ter essas trocas. Elas já existiam desde o início, todos os consórcios já se falavam, há uma integração muito grande, mas, pelo que a gente recebeu, são dois outros consórcios que não necessariamente tem casos de uso com CPR ou CRA, mas estão voltados ao agro. Vai ser uma riqueza de visões diferentes”.
A expectativa dele é que a nova fase do piloto traga uma “tranquilidade para ir para o ambiente produtivo. E traz questões de enquadramento regulatório também, trabalhando com Banco Central e CVM”.
O futuro do Drex
Lopes afirma que o Banco Central deverá convocar os consórcios envolvidos no piloto do Drex para, no início de outubro, apresentar um cronograma mais definido sobre os próximos passos do projeto. No momento, compartilhando um “chute”, ele comentou que “houve uma mudança para pelo menos mais um ano de projeto, com a conclusão da segunda fase no final de 2025”.
Uma vez que a CBDC seja realmente lançada no mercado, o diretor da TecBan avalia que a primeira área de implementação provavelmente será o chamado backoffice dos bancos, ou seja, a área operacional: “É onde vai ser mais fácil de implementar e já vai ter grandes ganhos na implementação da tecnologia, mesmo que não seja tão visível para a população. É um benefício direto para os bancos e indireto para os usuários se for repassado, em termos de taxa”.
“Para a população, é algo que ainda precisamos descobrir. Os casos de uso aprovados são indicativos de usos que poderão estar disponíveis para a população, mas depende do cronograma e dos próximos passos”, ressaltou.
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