Omoda e Jaecoo: o plano secreto das montadoras chinesas para a estreia no Brasil

O mercado brasileiro de carros recebe cada vez mais montadoras chinesas. Elas, na verdade, estão por aqui há mais de uma década, mas foi nos últimos dois anos que o olhar para o Brasil se tornou uma estratégia global. Entrar nesse mercado requer estratégia, investimento, estudo e uma dose de ousadia. As marcas Omoda (lê-se “omôda”) e Jaecoo (lê-se “djeico”) definiram todos esses elementos e já sabem quando estrearão por aqui.

Em entrevista exclusiva à EXAME Casual, Flavio Tozetto, head de recursos humanos e corporativo da O&J Brasil, revela o plano estratégico das duas marcas. Segundo o executivo, neste primeiro momento, há uma injeção de capital de R$ 200 milhões para, entre outras destinações, contratações, instalação da sede e definição dos 54 concessionários.

No time das duas marcas entram Mauricio Condez, que já passou pela Toyota e assume como head de finanças, e Victor Gades (ex-Hyundai), que chega para comandar a área de TI (Tecnologia da Informação). “Os dois têm know-how para nos ajudar nos processos e garantir que a nossa estreia seja sempre focada no nosso cliente”, diz Tozetto.

O quadro de funcionários deve crescer dos atuais 13 para 50 até o fim de 2025, com foco no pós-venda, uma reclamação recorrente dos consumidores com outras marcas chinesas já presentes no Brasil.

Quando foi anunciada a vinda das duas marcas ao Brasil, no fim do ano passado, a ideia era estrear ainda neste ano, mas foi postergada para o ano que vem. Flavio Tozetto explica que o motivo do adiamento tem ligação direta com o atendimento ao cliente. “Queremos que o negócio seja sustentável, e o volume da rede de atendimento precisa estar pronto antes do lançamento”, afirma.

Apesar de Omoda e Jaecoo fazerem parte do grupo Chery (que tem uma parceria estratégica com a CAOA), elas vão operar de forma independente no Brasil. As duas marcas já escolheram os 54 concessionários que vão operar no país, assim como as lojas. Serão nove na cidade de São Paulo, com unidades também em todas as regiões do país, em cidades como Ribeirão Preto, Brasília, Aracaju e Manaus, entre outras.

Os carros que chegam

A Omoda desembarca no Brasil no primeiro trimestre do ano que vem, estreando com o SUV compacto Omoda E5 em versão elétrica. Logo após, serão lançadas duas versões híbridas do Omoda 5, além da marca-irmã Jaecoo, que trará o J7, um SUV médio.

A Omoda tem foco em carros mais sofisticados e tecnológicos, voltados para um público jovem. Já a Jaecoo é especializada em off-road e SUVs para diversos tipos de terreno. As montadoras afirmam que, no próximo ano, os carros terão fabricação nacional. Os preços ainda estão em definição.

Flavio Tozetto explica que pertencer ao grupo Chery oferece uma maior gama de produtos. “Os plug-ins são a chave para, mas vamos avaliar todo o mercado para trazer mais opções de modelos”, destaca. As marcas projetam encerrar o primeiro ano de vendas com aproximadamente 30 mil unidades emplacadas.

Fábrica no Brasil

Em entrevista à EXAME Casual no ano passado, os executivos chineses das marcas revelaram que há planos para uma fábrica em território brasileiro. Segundo eles, a montagem dos carros no Brasil já estava no planejamento, mas o fim da isenção de importação de modelos elétricos acelerou o cronograma. Até lá, o Omoda 5 vendido no Brasil será importado.

Flavio Tozetto confirma que este plano está mantido e é gerido diretamente pelo alto escalão das marcas, na China. Por enquanto, tudo é tratado em sigilo.

Com um plano de expansão global, as marcas já estabeleceram bases de engenharia em mercados como China, Europa e Estados Unidos. Até o final de 2024, a Omoda estará presente em mais de 30 países, enquanto a Jaecoo estreará em mais de dez. Na América Latina, as marcas já atuam em mercados como Chile e México.


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