Na ONU, Tarciana Medeiros conta que Banco do Brasil já emprestou R$ 200 bilhões para mulheres

Salário justo, igualdade de remuneração entre homens e mulheres e atenção às iniciativas que já dão resultado: em um dos pontos altos da programação do SDGs in Brazil 2024, encontro promovido pelo Pacto Global – Rede Brasil na sede da ONU, em Nova York, o bate-papo entre Ana Fontes, CEO da Rede Mulher Empreendedora, e Tarciana Medeiros, presidente do Banco do Brasil, trouxe reflexões sobre caminhos que têm se mostrado assertivos para o enfrentamento das disparidades no mercado de trabalho.

Ao introduzir a conversa, Ana Fontes lembrou dados do Relatório do Observatório Brasileiro das Desigualdades 2024, do CEBRAP, que apontaram uma redução de 40% na proporção de pessoas em extrema pobreza, mas sem alteração significativa na desigualdade de renda. Conforme o documento, o 1% mais rico da população possui rendimento mensal 31,2 vezes maior que os 50% mais pobres.

A presidente do Banco do Brasil trouxe para a pauta a necessidade de se falar mais sobre salário digno, conceito que considera imprescindível não apenas dentro da instituição, mas também em contratos com fornecedores. “Falar de salário digno é falar de economia, de crescimento econômico das empresas. E é tratar diretamente das condições de vida dos colaboradores”, afirmou. “Adicionalmente, é muito importante considerar raça e gênero, aspectos transversais em qualquer pauta”, completou a executiva.

Polêmica abordada com descontração

Para ilustrar como o banco tem atuado para que a diversidade se reflita em todas as camadas, Tarciana compartilhou os resultados da plataforma Mulheres no Topo, iniciativa lançada em março de 2023, que uniu, em um hub, parceiros, benefícios e conteúdo para apoio a empreendedoras. “Com uma estratégia de comunicação voltada para todos os perfis de mulheres, nos últimos vinte meses, elevamos em 41% o volume absoluto de crédito concedido para elas. O que significa mais de R$ 200 bilhões”, comemorou.

Em sua abertura, Ana Fontes fez referência descontraída à polêmica do dia sobre um dos executivos do G4 Educação, que gerou comoção nas redes sociais após declarar que mulheres não seriam aptas a serem CEOs. Ao ser questionada sobre como se sentia sendo presidente, Tarciana Medeiros, uma das lideranças femininas corporativas mais relevantes da atualidade, afirmou se sentir muito bem no papel. A fala foi ovacionada pela plateia de mulheres e homens presentes.

A executiva do Banco do Brasil ressaltou a importância de CEOs promoverem o engajamento da alta liderança e que aprovações passem sempre pelos mais altos níveis de governança, para garantir o legado e ainda reverberar transformações também para fora das empresas. “É fundamental que todos – colaboradores e corporações – façam tudo que está ao seu alcance. E isso não quer dizer criar coisas novas. Particularmente, tenho até preocupação com a quantidade de movimentos que se cria. Mas é possível entender o que já está andando, acontecendo, e se colocar nas lacunas onde podemos atuar em complemento para mudar realidades.”


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