O mapa não é o território: como usar esse modelo mental para tomar decisões melhores

A frase “o mapa não é o território” nos lembra de que as representações que fazemos da realidade não são a realidade em si. Esse conceito, originado da semântica geral de Alfred Korzybski, destaca a importância de reconhecer as limitações dos modelos mentais e mapas que usamos para navegar no mundo.

Em vez de tomar esses modelos como verdades absolutas, é crucial entender que eles são ferramentas imperfeitas e parciais. Vamos explorar como esse modelo mental pode ser aplicado para melhorar a tomada de decisões, tanto na vida pessoal quanto no trabalho, de acordo com o Habits for thinking:

1. Ilustração na vida pessoal: o conceito das “linhas de desejo”

Um exemplo prático desse conceito pode ser visto no planejamento urbano, com o que chamamos de “linhas de desejo”. Essas linhas são trilhas criadas pelos pedestres que ignoram os caminhos planejados e preferem atalhos para chegar aos seus destinos de forma mais eficiente. Por exemplo, mesmo que um parque tenha caminhos pavimentados, as pessoas frequentemente criam seus próprios atalhos atravessando gramados ou cortando esquinas.

Essas “linhas de desejo” refletem um comportamento humano natural de encontrar soluções alternativas e mais rápidas para seus problemas. De maneira semelhante, nossos modelos mentais muitas vezes criam atalhos para a tomada de decisões. Embora esses atalhos possam economizar tempo, nem sempre são a melhor solução a longo prazo.

Um exemplo disso seria um pai que, ao tentar disciplinar seu filho, impõe limites de tempo de tela, mas outro pai acaba permitindo o uso do dispositivo, criando um padrão inconsistente. O modelo de disciplina é o “mapa”, mas o comportamento do pai que flexibiliza as regras cria uma “linha de desejo” que pode, com o tempo, alterar a percepção do filho sobre disciplina.

2. No ambiente de trabalho: os modelos e suas limitações

Nas empresas, modelos e frameworks são frequentemente utilizados para tomada de decisões e gestão de riscos. No entanto, como Nassim Nicholas Taleb, autor de A Lógica do Cisne Negro, aponta, esses modelos têm limitações significativas. Um exemplo é o modelo VAR (Valor em Risco) usado no mercado financeiro para estimar perdas potenciais. Taleb critica a precisão exagerada desse modelo, ressaltando que ele falha em capturar a totalidade dos riscos.

Para ele, é mais útil que os gestores de risco apresentem cenários de crise sem necessariamente associar probabilidades exatas, reconhecendo que o risco, por sua natureza, é incalculável.

Essa é uma lição valiosa sobre como os modelos são apenas representações simplificadas e incompletas da realidade. Eles podem ajudar a prever cenários, mas não conseguem abranger todos os fatores. Quando nos apegamos demais a essas representações, podemos tomar decisões com base em informações limitadas e imprecisas.

3. Aplicação prática: o uso consciente dos modelos mentais

Compreender que “o mapa não é o território” significa que, ao usar modelos mentais ou frameworks, devemos sempre estar cientes de suas limitações. Eles são ferramentas úteis, mas não devem ser tratados como verdades absolutas. Ao tomar decisões, é essencial dar um passo atrás e refletir se estamos seguindo cegamente um modelo ou se estamos levando em consideração a realidade complexa e imprevisível que ele representa.

Por exemplo, em um projeto empresarial, um gestor pode se apoiar em um modelo de gerenciamento de riscos para evitar falhas. No entanto, ao invés de depender exclusivamente do modelo, ele pode adotar uma abordagem mais holística, considerando fatores externos e imprevistos que o modelo não contempla.

Esse pensamento crítico ajuda a evitar decisões simplistas e abre espaço para soluções mais robustas.

Por que você deve saber sobre isso

O conceito de que “o mapa não é o território” nos lembra de que nossas percepções e modelos da realidade são limitados. Seja na vida pessoal ou no ambiente de trabalho, é importante reconhecer as falhas inerentes aos modelos que usamos para tomar decisões. Ao entender que esses mapas não representam a realidade em sua totalidade, podemos nos tornar mais críticos em nossa abordagem e evitar a armadilha de tomar decisões com base em informações incompletas.

Em última análise, essa consciência nos permite navegar de forma mais eficaz pelas complexidades do mundo real.

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