Por Tayllis Zatti, head de conteúdo da Faz Capital
As empresas de tecnologia americanas estão em um longo rali, disso ninguém duvida. Nem é preciso ser investidor para reconhecer as “magnificent seven”, as sete gigantes da tecnologia dos Estados Unidos:
Apple
Microsoft
Amazon
Nvidia
Alphabet
Meta
Tesla.
Essas companhias não apenas dominam o mercado de ações, mas têm sido vistas como líderes incontestáveis da inovação tecnológica, em grande parte graças ao avanço da Inteligência Artificial (IA).
O que impulsiona esses gigantes é a promessa de que a IA continuará a ser o tema dominante nas próximas décadas. De fato, as ações dessas empresas elevaram os principais índices de ações dos EUA, como o S&P 500 e o Nasdaq Composite, a máximos históricos em 2024.
Um exemplo disso é a Nvidia, que se destacou com uma valorização de mais de 3.000% nos últimos cinco anos, resultado de sua liderança no mercado de chips de IA, com 80% de participação. Empresas como Apple e Microsoft, por sua vez, também têm apostado pesado na IA, consolidando seus lugares como as duas empresas mais valiosas do mundo.
Entretanto, mesmo com o entusiasmo, é preciso lembrar que todo rali é, em última instância, passageiro. As ações dessas empresas duplicaram o retorno do Nasdaq 100 em 2023, mas é difícil prever até quando o crescimento exponencial vai se manter.
O verdadeiro problema, pouco discutido, está no custo energético da IA
À medida que tecnologias como o ChatGPT e o Midjourney ganham popularidade, o consumo de energia disparou. Relatórios indicam que a IA poderia consumir anualmente tanta eletricidade quanto a Irlanda, cerca de 29,3 terawatts-hora.
Esse dado revela um cenário preocupante para o futuro sustentável das big techs, especialmente em tempos de crise energética e esforços globais para reduzir a pegada de carbono.
Os Large Language Models (LLMs), base da IA generativa, são especialmente consumidores de energia. A infraestrutura necessária para treinar esses modelos massivos consome eletricidade em níveis alarmantes, grande parte proveniente de fontes não renováveis. Isso traz desafios não apenas ambientais, mas também econômicos, pois o custo da energia envolvida no desenvolvimento da IA pode se tornar inviável para muitas empresas e investidores.
E como vão ficar as big techs?
O futuro das gigantes da tecnologia passa a depender não apenas de sua capacidade de inovação, mas também de sua habilidade de lidar com os custos crescentes e os desafios ambientais associados à IA. O entusiasmo atual pode ser apenas uma bolha se essas questões não forem enfrentadas de maneira eficaz.
O rali das big techs americanas pode, portanto, terminar antes do esperado, caso essas empresas não consigam equilibrar seu crescimento com um uso mais eficiente e sustentável de energia.
O que o mercado ainda não está dizendo é que o sucesso da IA pode ter um limite – e esse limite pode ser o custo, tanto financeiro quanto ambiental, que as empresas estão dispostas a pagar.
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